Na quarta-feira 19, o presidente nacional do PT, Rui Falcão, publicou uma nota para convocar a militância petista a aderir aos protestos que tomavam as ruas do País. “Não podemos permitir que o movimento possa ser capturado por pautas criadas pela direita, pautas artificiais induzidas por uma certa mídia”, justificou, em entrevista a CartaCapital. Durante os protestos, partidários e demais manifestantes entraram em conflito por conta das bandeiras ostentadas nos protestos; os primeiros foram chamados de “oportunistas”. A seguir, Falcão explica as suas razões e defende os governos de coalizão liderados por seu partido, também alvos das ruidosas e turbulentas manifestações.
CC: Porque o PT decidiu convocar a militância para as ruas?
Rui Falcão: O PT já participava das manifestações desde o início por meio da sua juventude. Só que a repressão policial em São Paulo, na quinta-feira 13, fez com que houvesse uma adesão maior aos protestos, e o partido agora procura orientar a militância a prestar solidariedade. Ao mesmo tempo não podemos permitir que o movimento possa ser capturado por pautas criadas pela direita, pautas artificiais induzidas por uma certa mídia.
CC: Mas só agora, após três semanas ds protestos?
RF: Havia certa resistência, no início, à ostentação de bandeiras partidárias. Defendemos.a autonomia dos movimentos sociais em relação aos partidos, aos estados e aos governos. Não queríamos passar uma ideia de aparelhamento. Agora o cenário é outro, há liberdade para a participação de todos.
CC: Como senhor avalia esse movimento?
RF: Como tenho dito, o PT não tem medo de povo nas ruas. Mas, isso é um sinal muito claro de dois fenômenos. Primeiro, o fortalecimento da democracia no nosso país. Segundo, resultado também de várias conquistas que a população pôde assegurar nesse período, graças aos governos Lula e Dilma, e essas conquistas fazem com que surjam novas demandas.
CC: O governo federal tem sido duramente criticado nas ruas por suas alianças com partidos conservadores, pelo recuo em pernas como a regulamentação da mídia ou a demarcação de terras indígenas, pele distanciamento dos movimentos sociais.
RF: O partido tem uma posição clara de defesa da regulamentação da mídia. O governo tem uma avaliação diferente. É direito dele, o governo não é só do PT. Defendemos a reforma política, uma maneira de ficar menos dependente de certos compromissos. Temos um setorial indígena. Vamos promover agora um seminário para discutira questão indígena 110 Brasil e oferecer sugestões para o governo de como conduzir as demarcações.
CC: O PT está sendo engolido por suas alianças?
RF: De forma alguma. Não cedemos em nenhuma questão de princípio, não cedemos em nenhuma questão programática. Não realizamos amplamente o nosso programa, mas isso não significa nem retrocesso nem concessão de princípios.