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Quando Hugo Chávez chegou à presidência da Venezuela (que já era o quinto maior produtor de petróleo do planeta), 70% dos venezuelanos viviam abaixo da linha da pobreza — 40% deles na pobreza extrema. Ao assumir o controle da petrolífera nacional, a PDVSA, o novo governo assegurou que os recursos oriundos dessa riqueza fossem usados para dotar o País de infraestrutura e para assegurar serviços públicos à população. Em dez anos, os gastos com programas sociais cresceram 60,6%.
Os resultados dessa opção são expressivos: a desigualdade, medida pelo índice de Gini, foi reduzida em 54%. A pobreza despencou de 70,8%, em 1996, para 21%, em 2010, e a extrema pobreza caiu de 40%, em 1996, para 7,3%, em 2010. Os programas de combate PA pobreza beneficiam, hoje, 20 milhões de venezuelanos, 2,1 milhões de idosos (66%) recebem pensões ou aposentadorias, benefício que, antes do governo Chávez, era assegurado a apenas 387 mil idosos. A população desnutrida caiu de 21% para 5% e para apenas 2,9% entre as crianças.
A chamada “Era Chávez” foi tema de uma série de 14 reportagens publicadas pelo site Opera Mundi, por ocasião das últimas eleições presidenciais venezuelanas, em outubro do ano passado. É uma radiografia sobre as políticas sociais que transformaram o “país muito rico com povo muito pobre” na nação menos desigual da América Latina, sobre a política externa que colocou a Venezuela no mapa e sobre um modelo econômico peculiar, que combina socialismo e economia de mercado.
A morte de Chávez também foi tema do artigo “O legado de Chávez”, do ex-ministro Rubens Ricúpero, publicado no jornal Valor Econômico desta quarta-feira (06), que ressaltou a herança positiva deixada por ele.
“O desaparecimento de Hugo Chávez não significará a extinção do movimento de genuína base social que fundou, da mesma forma que não se apagaram os legados de Getúlio Vargas, Juan Perón ou Haya de
Ainda assim, seria pecar por superficialidade subestimar Chávez devido a seus dotes histriônicos ou descartá-lo como mais um caudilho populista latino-americano, ignorando a profunda aspiração de transformação social e cultural à qual buscou dar expressão. A ascensão dos setores populares próximos da linha de pobreza, sua exigência de dignidade e vida melhor, continuarão a alimentar na Venezuela e na América Latina movimentos que só se esgotarão quando se realizar sua promessa. Como o surgimento de um ator novo acarreta mudanças na posição de outros, é provável que isso gere desestabilização por décadas como aconteceu na Europa do século XIX”.
Veja a íntegra da série do Opera Mundi:
Leia também artigo ex-ministro Rubens Ricúpero “O legado de Chávez”