Parlamentares da base do governo e da oposição que integram a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPMI) que investiga as relações do contraventor Carlos Augusto Ramos – o Cachoeira – com os poderes público e privado negaram, nesta terça-feira (09/10) que exista qualquer acordo para encerrar os trabalhos sem qualquer possibilidade de prorrogação. O presidente da Comissão, senador Vital do Rêgo (PMDB-PB) marcou para a próxima terça-feira (16/10) uma reunião de líderes dos partidos para discutir a prorrogação dos trabalhos – que, de acordo com o calendário, se encerrariam no próximo dia 04/11. Eles vão debater os termos do requerimento apresentado pelo senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP).
O vice-presidente da CPMI, deputado Paulo Teixeira (PT-SP), rechaçou com veemência matéria da Folha de S Paulo que fala em acordo para dar fim à CPMI. Disse que, sem conhecer o relatório, que ainda será apresentado pelo deputado Odair Cunha (PT-MG), não há como se falar em fim das investigações. “Estamos aqui para investigar”, disse, reforçando a proposta do líder tucano, Álvaro Dias (PR), que lembrou que as investigações apenas começaram e não há qualquer lógica na afirmação de que oposição e situação estariam trabalhando para “enterrar” as investigações. “Concordo com o líder tucano; um dia eu teria que concordar com ele. Nós temos que continuar os trabalhos”, disse Teixeira.
O relator, deputado Odair Cunha (PT-MG) disse que trabalha com o prazo para a conclusão dos trabalhos, marcado inicialmente para o dia 04 de novembro. “Quando eu digo que estou fazendo o relatório, não trabalho nem com o encerramento nem com a prorrogação. Eu não posso é permitir que a CPMI seja encerrada sem que haja um relatório”, declarou. “Mais adiante, quero me manifestar sobre a necessidade ou não de que haja prorrogação dos trabalhos. Mas eu trabalho com o prazo de que disponho”, reiterou.
Notícias divulgadas pela mídia nesta terça-feira dão conta de que parlamentares petistas e peemedebistas teriam feito um acordo para encerrar a CPMI sem levar à frente investigações que poderiam esclarecer denúncias de que haveria envolvimento de políticos no esquema do empresário Carlinhos Cachoeira.
A comissão tem prazo para funcionar até o dia 4 de novembro, mas pode ser prorrogada por mais 180 dias. Para que a prorrogação aconteça, são necessárias, no mínimo, 27 assinaturas no Senado e 171 na Câmara, mesmo número que foi preciso para a criação da comissão.
Depoimento
A CPMI está reunida nesta terça-feira para ouvir o depoimento do deputado Carlos Alberto Leréia (PSDB-GO), suspeito de ter envolvimento com o contraventor. Esta é a segunda vez que o tucano é convocado para responder a perguntas dos parlamentares que integram a CPI. No começo de setembro, Leréia tinha audiência marcada, mas, no dia determinado, enviou comunicado à comissão dizendo que não iria comparecer por conta de “compromissos pessoais assumidos anteriormente”.
Na tarde desta terça-feira, ao chegar para depor, Leréia disse aos jornalistas, disse que falaria tudo o que sabe.
Giselle Chassot