Ontem, o site da Liderança do PT no Senado publicou “Globo erra ao noticiar ‘fraudes’ no Bolsa Família – e se recusa a corrigir”, que alcançou significativa repercussão nas redes sociais e republicação no site da Liderança do PT na Câmara e no portal do PT Nacional. O texto apontava que as denúncias que o jornal vem publicando, desde o último domingo (04/11), na série “Mercadores da Miséria” trazia erros graves do que é considerado bom jornalismo, como, por exemplo, não esclarecer que as “fraudes” só foram descobertas por causa dos controles do Ministério do Desenvolvimento Social e do Combate à Fome (MDS), nem especificar com clareza as datas das “fraudes” descobertas, induzindo o leitor desavisado a acreditar que o Bolsa Família havia se transformado num contumaz fabricador de desvio de dinheiro público.
Mas, da mesma forma que ontem a Liderança do PT no Senado noticiou a recusa do jornal em publicar o devido reparo aos equívocos publicados, hoje registra que o jornal publicou uma tímida nota de correção. Com apenas 42 palavras, o jornal admite que, ao contrário do que publicou, “não é possível dizer que as fraudes em programas contra a miséria são ‘cada vez mais frequentes’, porque a reportagem cita casos investigados nos anos de 2011 e 2012, sem fazer comparação com os anos anteriores”.
Chama-se a atenção para um detalhe: a expressão que o jornal condena em sua nota encontrava-se em sua manchete principal do último domingo, quando publicou: “O Brasil Sem miséria, programa criado pela presidente Dilma para erradicar a pobreza extrema, tem sido alvo frequente de fraudes, revelam Alessandra Duarte e Carolina Benevides numa série de reportagens que O GLOBO inicia hoje”.
O pedido de desculpas é insuficiente e carregado da mesma soberba e prepotência que os jornais brasileiros utilizam quando são obrigados a reconhecer que erraram. O jornal não reconhece outros erros que vêm sendo publicados por um motivo: se os confessasse, automaticamente estaria questionando a própria razão de ser da série anunciada com estardalhaço. Mais ainda: se reconhecesse a totalidade dos erros, denunciaria a intenção de desqualificar o Bolsa Família, programa de transferência de renda que hoje é referência no mundo e, por essa razão, recomendado pela ONU e estudado por governos tanto de países ricos quanto pobres.
Essa postura encontra explicações de ordem política, de preferência partidária do jornal e até mesmo de posturas condenáveis como a do preconceito. Após a publicação da denúncia no site da Liderança do PT no Senado, outros textos sobre a postura do jornal passaram a ocupar a internet a partir da manhã de hoje. Dentre eles o assinado pelo jornalista Luís Nassif que aponta justamente “A birra de O Globo com os pobres”.
Integra da nota de Correção
Diferentemente do que publicou O Globo, não é possível dizer que as fraudes em programas contra a miséria são “cada vez mais freqüentes”, porque a reportagem cita casos investigados nos anos de 2011 e 2012, sem fazer comparação com os anos anteriores.
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A birra de O Globo com os pobres
Globo erra ao noticiar “fraudes” no Bolsa Família – e se recusa a corrigir