Senado relembra terror causado pelo Golpe Militar de 1964

Sessão solene defende revisão da lei da Anistia criada e patrocinada pela ditadura.


Ana Rita: golpe foi ato contrarrevolucionário e
retrógrado contra as reformas de base que o
Governo tentava implementar

Uma sessão especial para “descomemorar” o Golpe Civil e Militar de 1964. Assim a presidenta da Comissão de Direitos Humanos (CDH), senadora Ana Rita (PT-ES) definiu o ato promovido na manhã desta segunda-feira (31) de março. O ato reuniu personagens importantes da época, como o então deputado, ex-ministro e atual vereador de Salvador Waldir Pires (PT-BA), que testemunhou, participou da resistência ao golpe e acabou no exílio durante a ditadura.

Ana Rita recordou que a ditadura permitiu o “terrorismo do Estado” sobre o cidadão. “Precisamos desconstruir a ideia de que o Golpe foi uma Revolução. Foi, isso sim, um movimento militar que calou a democracia. Foi um ato contrarrevolucionário e retrógrado, articulado entre empresários e militares de alta patente contra movimentos sociais e contra as reformas de base que o Governo tentava implementar”, definiu.

Para a senadora, o que ocorreu em 1964 foi uma espécie de escola onde se ensinaram violações dos direitos humanos de várias espécies. Segundo Ana Rita, a tortura que se consolidou como prática de intimidação no período “sempre esteve presente nas polícias brasileiras e é uma realidade ainda hoje nos presídios, delegacias e quartéis”.

Aos que defendem  o movimento, por conta de um momentâneo “período de desenvolvimentismo”,  Ana Rita lembrou que o que aconteceu na economia brasileira na verdade foi uma grande concentração de renda, que ignorou as populações mais carentes.

Lei de Anistia
Para ela, é necessária uma revisão da Lei de Anistia brasileira, conforme defende a Anistia Internacional. “Nós não fizemos justiça aos torturadores, mandantes e barbaridades cometidas naquela época. Temos necessidade de rever isso e não é por revanchismo”, disse.

O senador João Capiberibe (PSB-AP), que presidiu a sessão, defendeu a campanha “50 dias contra a impunidade”, que pretende reunir assinaturas online pela revisão da Lei da Anistia de 1979.

Waldir Pires, que foi personagem decisivo na defesa da democracia e do governo João Goulart, lembrou os momentos de perplexidade vividos por ele e outros aliados de Goulart, como o educador Darcy Ribeiro. “Tenho a esperança de que nunca mais no País possa se repetir o episódio vergonhoso de um Golpe de Estado, que foi um dos atos mais deploráveis da história política do Brasil”, disse

Giselle Chassot
 

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