A classe média é a grande âncora do desenvolvimento econômico brasileiro tanto é que as políticas de inclusão iniciadas no governo do ex-presidente Lula e mantidas pela presidenta Dilma tendem a colocar o Brasil na quinta colocação do ranking das maiores economias do planeta. Isto, porque estamos falando de uma nação cujo mercado consumidor é formado por 120 milhões de pessoas com poder de compra – o décimo sétimo maior mercado consumidor do mundo.
Dados da Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República (SAE), indicam que o Brasil consome mais do que a Holanda e tanto quanto a Coreia do Sul. Essa pujança, acompanhada de melhorias na área de educação, tende a potencializar o crescimento econômico e social do futuro. Matéria publicada nesta segunda-feira (30/07) pelo jornal O Globo, “Uma Coreia na classe média”, o ministro da SAE, Wellington Moreira Franco afirma: “é o grande ativo e legado do governo Lula, mas temos que evitar que a nova classe média retorne à situação anterior e que sejam criadas condições para que se consolide”, diz ele.
Confira íntegra do texto do jornal O Globo
Uma Coreia na classe média
Vivian Oswald
O Brasil que queremos
BRASÍLIA e RIO. Um dos maiores ativos econômicos e sociais do país para o futuro próximo, a nova classe média brasileira é a grande aposta do governo para o desenvolvimento nas próximas décadas. Dados inéditos antecipados pela Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE) da Presidência da República mostram que esse exército de quase 120 milhões de brasileiros já é o 17º maior mercado do mundo, consumindo mais do que a Holanda e tanto quanto toda a Coreia do Sul. Isso será fundamental para que o Brasil se firme na quinta posição entre as maiores economias globais, conforme informou ontem O GLOBO no primeiro dia da série “O Brasil que Queremos”.
O estudo da secretaria indica que esta camada da população consome anualmente nada menos que US$ 500 bilhões do US$ 1 trilhão consumido pelo mercado brasileiro de maneira geral. Esta é a principal explicação para o fato de todas as grandes empresas estarem investindo pesado em pesquisas para saber o que quer e o que consome essa faixa da população que será dominante nos próximos 20 anos.
– É o grande ativo e legado do governo Lula, desde que o governo e a sociedade conseguiram ter moeda. Mas temos que evitar que a nova classe média retorne à situação anterior e que sejam criadas condições para que se consolide – disse o ministro da SAE, Wellington Moreira Franco.
Acesso bancário ainda é um problema
A partir de setembro, a SAE passará a divulgar um conjunto de documentos, “Vozes da classe média”, com um perfil dessa camada da população a partir de pesquisas quantitativas e qualitativas inéditas, que serão feitas a partir do acompanhamento dos mesmos 15 grupos focais a cada seis meses. A ideia é entender as necessidades dessas pessoas para que não só se mantenham onde estão, como continuem ascendendo.
Para o secretário de Ações Estratégicas da SAE, Ricardo Paes de Barros, o desafio para a nova virada do Brasil, depois da estabilidade da moeda em 1995 e do boom dos rendimentos que levaram à ascensão de mais de 40 milhões de pessoas à classe média, é a educação. E a qualidade é fundamental para esse avanço, segundo ele:
– Hoje, um jovem brasileiro recebe a mesma educação que tinha um chileno na década de 50.
Inclusão e educação financeira também estão na lista dos temas estudados pelo governo neste momento para assegurar à nova classe média a manutenção do seu novo status social e econômico. Segundo a SAE, 50% do consumo da classe média hoje são financiados, e a maior parte destes recursos está fora do banco. Os financiamentos são tomados no mercado varejista.
Essas pessoas usam pouco outros serviços financeiros, e levá-las ao sistema bancário é considerado também um dos segredos para o Brasil passar a ter a sua poupança. De acordo com especialistas, ainda são raros os casos de brasileiros de classe média que tenham o hábito de poupar. Dados do BC mostram que, de 2007 a 2010, mais pessoas de todas as classes passaram a ter um acesso mais amplo ao sistema financeiro. No entanto, ele ainda é um luxo das classes A e B. Nesta categoria, 70% das pessoas têm conta corrente, contra 52% da classe C e apenas 29% da DE.
– Poupança é fundamental. E eu espero estar melhor e ganhar muito dinheiro nos próximos 20 anos por juntar recursos. Mas é preciso saber aplicar esse dinheiro. Por isso, estou diversificando os meus investimentos, aplicando na Bolsa, por exemplo – disse o ilusionista Guilherme Ávila, de 22 anos, filho de uma família de classe média em Brasília, que acabou de ser formar em Economia.
Os outros meios de pagamento (cartões de crédito e débito, cheque, débito automático e vale-refeição) são usados por 23% da população em geral, mas têm a preferência de 45% das classes A/B.
Vanessa Petrelli Corrêa, presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), afirma que os bancos públicos tiveram papel relevante no crescimento com o avanço da classe média. Ela acredita que poucos economistas mediram com exatidão essa contribuição. E, para ela, esse fenômeno ainda continuará:
– O Brasil deve viver um longo período de juros historicamente baixos. O impacto desse novo patamar ainda está sendo conhecido, mas certamente pode ser um dos pilares para o crescimento com inclusão social – disse.