Há dois meses, quando o Governo reduziu a alíquota do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para veículos, a meta era atingir dois objetivos: diminuir os elevados estoques das montadoras e promover o reaquecimento da economia, em especial, a cadeia produtiva do setor composta por inúmeros subsetores. Complementando essa medida, o Governo desonerou também a folha salarial de diversos setores que participam dessa cadeia e incentivou o aumento de recursos para as linhas de financiamento de veículos. Com taxas de juros abaixo de 1,5% ao mês, as concessionárias se preparam para atender os consumidores, que foram às compras. E o resultado das medidas já pode ser verificado: recorde histórico na venda de veículos novos.
Segundo a Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave) que representa sete mil concessionárias de veículos leves e pesados, em julho foram emplacados 351.410 unidades, 22% a mais na comparação com o mesmo mês de 2011 e 3,15% em relação ao mês anterior. Nesse período, segundo dados do Banco Central, os financiamentos de veículos cresceram 18%, confirmando a sinalização do governo para que os bancos diminuíssem as exigências para financiar, como a entrada de mais de 30%.
Há dois meses, o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, afirmou que a discussão internacional entre os presidentes de bancos centrais é como criar mecanismos para oferecer mais crédito nos momentos de estagnação dos mercados consumidores, como forma de reativá-lo e, naqueles momentos que a economia vai bem, equilibrar a excessiva oferta de crédito que se verifica. O exercício é difícil e marca o que os economistas chamam de inflexão.
Na prática, na vida real das pessoas, o importante das medidas anunciadas pelo governo é que o veículo zero quilômetro, as promoções oferecidas atraíram novamente os consumidores para as lojas. Com preços de veículos mais baixos, num primeiro instante houve uma paralisação quase geral no comércio de veículos usados, que começa a dar os primeiros sinais de recuperação porque muitos consumidores entregaram seu veículo como parte de pagamento de um novo e ele será vendido e até financiado para outro consumidor.
Nessa engrenagem econômica onde o mercado consumidor brasileiro exerce papel relevante, em breve será possível acompanhar a melhoria dos indicadores do comércio no varejo. Passado o momento em que a economia brasileira cresceu menos, basicamente no primeiro semestre, os brasileiros trabalharam para quitar dívidas antigas e se prepararam para assumir novas dívidas. O nível de inadimplência está em 5,8% e é um dos mais baixos da América do Sul.
Comentando o recorde nas vendas de veículos novos, o presidente da Fenabrave, Flávio Meneghetti, atribui o sucesso às medidas adotadas pelo Governo Federal. “Até as medidas, o resultado era negativos e os números atuais mostram a importância da soma de esforços entre governo, iniciativa privada e as instituições financeiras.
Marcello Antunes