O governo do Acre e o Peru conseguiram chegar a um acordo para evitar que o impasse envolvendo imigrantes haitianos vá parar na Organização dos Estados Americanos. Na última quinta-feira (16/08), o cônsul-adjunto do Peru no Acre, Sandro Baldargo Silva, reconheceu a “gravidade” da situação de cerca de 100 haitianos acampados na província de Iñapari (Peru), na fronteira com o município brasileiro de Assis Brasil (AC). O acordo foi anunciado pelo secretário de Justiça e Direitos Humanos do Acre, Nilson Mourão, que conversou com o representante diplomático do país vizinho
Em Brasília, a Embaixada do Peru informou que o governo do presidente Ollanta Humala está sendo informado sobre os desdobramentos do caso. Mas, por enquanto, o embaixador peruano no Brasil, Jorge Bayorna, aguarda instruções do Ministério das Relações Exteriores de seu país para se manifestar.
No começo desta semana, Mourão informou que o governo do Acre se via forçado a comunicar à Comissão de Direitos Humanos da OEA o agravamento da falta de assistência humanitária aos haitianos. Porém, depois da reunião realizada ontem com o cônsul peruano, o governo acriano decidiu adiar o encaminhamento do comunicado.
Segundo Mourão, o cônsul Baldargo informou que o governo peruano assumiu o compromisso de fornecer água, alimentação e abrigo aos haitianos até encontrar uma solução definitiva.
Baldargo ainda informou que está impedido, por norma do governo peruano, de fornecer qualquer informação de assuntos “de Estado”. “Esse assunto tem que ser tratado nas esferas de poder dos governos do Brasil e do Peru”, disse o cônsul.
O secretário de Justiça e Direitos Humanos disse ainda que o governo do Acre dará assistência médica, no hospital de Assis Brasil, aos haitianos com saúde mais precária. “Parte da medicação fornecida aos haitianos quem garante é a rede do Sistema Único de Saúde (SUS) em Assis Brasil”, ressaltou Mourão.
Na última terça-feira (14/08), o senador Jorge Viana (PT-AC), defendeu um acordo entre os dois países, que possibilitasse um tratamento mais digno aos haitianos que se encontram no Peru. Além disso, lembrou a atuação do governo brasileiro no acolhimento dos haitianos que chegaram ao Brasil.
“O Brasil já criou um mecanismo em que todos os haitianos que estavam aqui foram acolhidos. O governado do Acre gastou quase R$ 2 milhões no programa. O governador Tião Viana fez uma ação sem precedentes porque normalmente chama-se a ONU para fazer ação humanitária. E o governo brasileiro criou uma política de acolher 100 haitianos por mês na embaixada. Agora tem um problema no Peru e nós não podemos resolver”, declarou o senador.
Com informações da Agência Brasil