Banco Mundial: mulheres são fundamentais na redução da pobreza

Estudo destaca “recordes históricos” de redução da desigualdade na América Latina e mostra que trabalho feminino contribuiu com 30% do avanço.

A grande aceleração do crescimento experimentada pelos países da América Latina e do Caribe na última década teve uma participação decisiva do trabalho feminino, afirma o relatório “O efeito do Poder Econômico das Mulheres na América Latina e no Caribe”, divulgado esta semana pelo Banco Mundial durante o Diálogo Interamericano, realizado em Washington.

O estudo destaca os recordes históricos de redução da pobreza registrados na “região mais desigual do planeta” e que nem mesmo a conjuntura econômica adversa conseguiu estancar o progresso dessa parte do mundo na diminuição da desigualdade econômica e social. “Se não houvesse mais mulheres trabalhando, os índices de extrema pobreza em 2010 teriam sido 30% maiores”, afirma artigo publicado na página oficial do Banco Mundial na internet.   

O estudo aponta que, apesar da crise internacional ter desacelerado a redução da pobreza na América Latina a partir de 2011, o Brasil, o Peru e o Equador continuaram avançando na superação das desigualdades nesse período. “A década foi boa para o continente e para as mulheres”, afirma o relatório, que classifica de “crucial” a contribuição feminina para esses resultados.

A renda das mulheres contribuiu com 30% para a redução da pobreza extrema. O crescimento nos ganhos obtidos por elas refletem, majoritariamente, o crescimento de salários, mas decorre, também, do aumento do acesso a pensões e ao crescimento da presença feminina no mercado de trabalho, especialmente entre as mulheres mais pobres. A renda dos homens contribuiu com 39% na redução da pobreza, enquanto outros 31% vieram de rendas não derivadas do trabalho, como transferências de recursos públicas e privadas.

Um dos fatores que contribui para o crescimento do acesso ao trabalho, segundo o estudo, é a crescente escolarização das mulheres. “Em muitos países da região, a lacuna de gênero na educação foi revertida: há mais mulheres do que homens frequentando a escola”, diz o relatório.

Papel estratégico para as próximas gerações
Os avanços, porém, não conseguem mascarar a desigualdade de direitos entre homens e mulheres no mercado de trabalho do continente, alerta a gerente do Banco Mundial para o Grupo de Gênero e Redução da Pobreza, Louise Cord. “Em países como Chile, Brasil, México e Peru, as mulheres recebem salários menores que os homens, principalmente nos cargos de chefia. Essa discrepância é cada vez maior”, afirma.

“A diferença salarial tente a desfavorecer cada vez mais as profissionais mais qualificadas da região”, explica. A importância de superar essas diferenças torna-se ainda maior diante da constatação, apontada no relatório, do papel estratégico das mulheres na superação da pobreza das próximas gerações. Famílias que têm mais de 75% de sua renda originada no trabalho feminino chegam a registrar taxas 25% maiores de escolarização dos filhos do que aquelas com renda derivada exclusivamente do trabalho masculino.

No Brasil, revela o relatório, as crianças de lares sustentados por mulheres têm chances 7% maiores de frequentar a pré-escola e 14% maiores de frequentar o ensino básico e fundamental do que nas famílias cuja renda principal seja oriunda do trabalho dos homens.  

Cyntia Campos, com informações do bancomundial.org

Leia o relatório do Banco Mundial sobre “O Efeito do Poder Econômico das Mulheres na América Latina e no Caribe” (em inglês)

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