O Brasil tem feito um esforço notável para o desenvolvimento sustentável e é um exemplo de multilateralismo para todo o mundo. Foi o que afirmou o secretário-geral da Rio+20, o diplomata chinês Sha Zukang, durante a abertura oficial da Conferência das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável, no Riocentro (RJ).
Zukang, que já foi embaixador em Genebra, questionou a vontade política dos governos de implementar mudanças pelo desenvolvimento sustentável. “Será que os governos vão transformar promessas em atos concretos?”, perguntou. E lembrou que é preciso aproveitar a oportunidade desta conferência, uma das maiores já realizadas pela ONU, com a presença de cerca de 100 chefes de Estado e Governo. Eles estarão reunidos, desta quarta (20) até sexta-feira (22), em mesas-redondas que vão analisar o documento final que será divulgado oficialmente no encerramento da cúpula.
A abertura oficial da Rio+20 começou com o discurso da presidenta Dilma Rousseff, que foi seguido pela fala do atual secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-Moon, e do presidente da 66a Assembléia Geral da ONU, Nassir Abdulaziz Al-Nasser. Dilma convidou os participantes a enfrentarem os desafios da sustentabilidade para crescer, incluir e proteger e disse que o tempo é o recurso de maior escassez nesta tarefa.
Ela falou que o Brasil tem procurado fazer sua parte, avançando com determinação e preservando a democracia. “Estamos crescendo com inclusão e justiça social”, disse, lembrando que na última década mais de 40 milhões de pessoas ascenderam à classe média no país e foram criados 18 milhões de empregos formais, com expansão da renda dos trabalhadores.
Hoje, as fontes renováveis representam 45% da energia consumida pelos brasileiros e o governo vem ampliando as áreas de proteção ambiental: 75% das que foram criadas desde 2003 estão no Brasil, destacou Dilma. A área desmatada ilegalmente diminuiu e a produção agrícola aumentou 180% – enquanto a área plantada cresceu pouco mais de 30%, graças à pesquisa e ao uso de novas tecnologias no campo.
É hora de demandar maiores contribuições dos países desenvolvidos e o desenvolvimento sustentável é a melhor resposta para a mudança do clima, enfatizou a presidenta, acrescentando que a distribuição da riqueza significa por fim à miséria e à pobreza, garantindo o acesso à educação, saúde, segurança pública e cidadania plena da população.
Ban Ki-Moon reafirmou também que a hora é de ação. “É hora de fazer frente aos objetivos, passar além dos interesses particulares de cada país, agir com visão de mais longo prazo. Não vamos esperar que nossos filhos venham nos cobrar de novo, na Rio+40. Sou mais que o secretário-geral da ONU. Sou pai e avô e, como os senhores, quero um mundo em que nossos filhos e as gerações futuras possam prosperar e ter trabalhos decentes e integridade”, disse.
ONU pede apoio da sociedade civil para avançar
Já o presidente Assembléia Geral da ONU, Nassir Abdulaziz Al-Nasser, disse que o desenvolvimento sustentável deve se tornar uma tarefa coletiva. Ele recordou que a primeira conferencia do Rio, a Eco92, marcou entrada da sociedade civil no âmago das Nações Unidas. “Ongs, fazendeiros, mulheres e outros grupos-chave são o cerne para conseguirmos um desenvolvimento sustentável em todos os países”.
Al-Nasser contou que estava satisfeito de ver que, além dos governos, pessoas jovens têm se envolvido cada vez mais nesta conferencia, que deve ser realizada conjuntamente com a sociedade. “Temos de fazê-la juntos”, disse, em uma nova maneira de pensar as instituições internacionais, que infelizmente não foram concebidas em sentido transversal, para incluir as áreas sociais e da economia. “Devemos reconceber todas as nossas instituições intergovernamentais em prol do desenvolvimento sustentável”.
O documento a ser assinado na Rio+20 vai delinear o desenvolvimento sustentável para planeta pelos próximos 20 anos e Nassir Abdulaziz Al-Nasser pediu uma reflexão antecipada sobre a agenda de 2015, data final para o cumprimento dos Objetivos do Milênio, definidos pela ONU.
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