Os presentes e vantagens entregues pelo contraventor Carlos Cachoeira ao senador Demóstenes também servem como base para as alegações do relatório final do senador Humberto Costa (PT-PE) que conclui pela quebra de decoro parlamentar do ex-líder Democrata.
Humberto destacou, entre esses mimos, o rádio Nextel, cuja conta era paga pelo contraventor. O telefone, de acordo com as apurações, era parte importante da rede de contravenção comandada por Cachoeira.
“O celular-rádio Nextel doado por Carlinhos Cachoeira ao Senador Demóstenes Torres e a outras pessoas, com a garantia de conta paga, era uma peça na engenharia do crime organizado, uma rede fechada de comunicação utilizada para a prática de crimes, não podendo ser reduzido a um mero presente para, supostamente, facilitar a vida do parlamentar, como afirmou em seu depoimento”, diz o relatório.
Humberto explica que esse é justamente o problema. “A figura de Cachoeira está sempre presente quando se trata de proporcionar comodidade, conforto, bem-estar ao Senador”.
E lista: “Cachoeira está junto quando se cuida de pagar uma dívida de dezoito mil dólares pela aquisição de uma mesa; é o amigo do peito que se preocupa com todos os detalhes da aquisição de uma aparelhagem de som de vinte e sete mil reais; é quem destaca um estafeta para comprar cinco garrafas de vinho ao preço de quinze mil dólares; é o padrinho oculto que dá uma geladeira e um fogão ao casal querido, ao preço de vinte e cinco mil dólares; é o benfeitor secreto que paga a queima de fogos por ocasião da formatura da Senhora Demóstenes Torres.”
Ou seja, no entendimento do senador pernambucano “Cachoeira, com o devido respeito, é um verdadeiro anjo da guarda do Senador da República”.
Giselle Chassot