Reuniões da OEA, Unasul e a Cúpula do Mercosul irão discutir a quebra da ordem institucional do Paraguai, não se descartando a adoção de sanções contra governo que substituiu Lugo.
A crise institucional em que o Paraguai mergulhou após o processo de impeachment relâmpago do presidente Fernando Lugo será debatida nos três fóruns mais importantes da América Latina. A OEA (Organização dos Estados Americanos), a Unasul (União das Nações Sul-Americanas) e o Mercosul agendaram várias reuniões e sessões para os próximos dias, diante da perspectiva de que o a quebra da político no Paraguai tende a se deteriorar.
O secretário-geral geral da OEA, José Miguel Insulza, cancelou viagem para o Peru, onde estava prevista sua participação em uma conferência sobre drogas, para se dedicar às discussões a respeito da situação política no Paraguai. É a segunda vez que a organização se manifestará sobre o país. Na véspera da decisão do impeachment, no dia 21, a entidade pediu às autoridades paraguaias para respeitar o direito de defesa do ex-presidente Fernando Lugo e as instituições democráticas. O tempo que a Câmara dos Deputados e o Senado do Paraguai decidiram pelo afastamento do presidente da República – menos de 30 horas –, seguido da decisão da Suprema Corte de Justiça de sequer analisar as arguições da defesa de Lugo, são os principais questionamentos à normalidade democrática que o novo governo garante estar em vigência. Os EUA, como país mais poderoso da OEA, será questionado pelo silêncio adotado até agora.
A primeira reunião ocorrerá nesta terça-feira, em Washington, sede da OEA, em sessão especial. Na pauta, os embaixadores da organização vão avaliar a situação do país vizinho, não se afastando, diante do quadro, a possibilidade da OEA seguir a mesma decisão já adotada pelo Mercosul e decidir pela suspensão temporária do Paraguai. A mesma medida foi adotada há três anos, quando o então presidente, Manuel Zelaya, também foi destituído do cargo pelo Congresso. A suspensão durou cerca de um ano e a decisão só foi revista depois das eleições para presidente e da confirmação de que a democracia havia sido reinstaurada no país. Para Insulza, há dúvidas se, no caso paraguaio, a Constituição foi foi ou não desrespeitada – o que pode ser ganhar uma interpretação definitiva nesta reunião.
Amanhã (27), haverá a reunião da Unasul em Lima, no Peru. Até ontem (25), o ex-presidente Fernando Lugo anunciou que pretendia participar do encontro, para, segundo anunciou, pedir aos demais países a prorrogação do mandato da Presidência do Paraguai como presidente pro tempore do bloco. Ocorre, porém, que, o cargo de presidente do Mercosul não remete para a pessoa física, mas para a instituição Presidência da República. Diante dessa contestação, e das atribuições e dificuldades que enfrenta no comando do governo paralelo, optou por não sair de seu país.
A expectativa, com base na decisão tomada pelo Mercosul anteontem (24), é que a Unasul também suspenda temporariamente o Paraguai do bloco. A interpretação se baseia no fato de nove países – Argentina , Bolívia, Brasil, Chile, Colômbia ,Equador, Peru e Venezuela –dos 12 que compõem a Unasul, terem apoiado a suspensão do Paraguai no documento emitido pelo Mercosul.
A reunião de Cúpula do Mercosul está agendada para a próxima sexta-feira (29), para ser realizada na cidade de Mendoza, na Argentina. A presidenta Dilma Rousseff já confirmou presença. Novamente, a crise política no Paraguai será tema. O receio dos paraguaios é que sejam adotadas sanções ao país em decorrência da suspensão provisória. Porém, todas as decisões serão tomadas em conjunto, sinalizaram os negociadores brasileiros, argentinos e uruguaios.
(Com informações das Agências)