Uma informação vital prestada pelo jornalista e radialista Luiz Carlos Bordoni, durante seu depoimento à CPMI, passou despercebida pelos serviços noticiosos da internet, mas é vital para desnudar a relação financeira entre a organização criminosa de Carlos Cachoeira e o governador de Goiás, Marconi Perillo.
Trata-se do trecho em que Bordoni respondeu aos pagamentos que recebeu por ter trabalhado na campanha de Perillo para o governo de Goiás, em 2010, como produtor de rádio.
Pelo acordo revelado pelo depoente, ficou acertado que Bordoni receberia R$ 120 mil pelo trabalho, além de um bônus de R$ 50 mil – no caso de vitória de Perillo na corrida eleitoral.
O combinado foi cumprido sem reparos. No início da campanha, segundo Bordoni, recebeu diretamente do então candidato Marconi Perillo R$ 40 mil, entregues dentro de um envelope que se encontrava guardado no frigobar do escritório político de Perillo. A segunda parcela, de R$ 30 mil, foi paga pouco antes das eleições, no dia 21 de setembro de 2010, por meio da Art Mídia, transferindo o que recebera do Comitê Financeiro da Campanha. A terceira parcela, paga após a campanha, recebida por Bordoni diretamente das mãos de Jayme Rincón, tesoureiro da campanha de Perillo, foi no valor de R$ 10 mil – igualmente sem recibo e oriunda do Caixa 2. A quarta e penúltima parcela, de R$ 45 mil, seria paga por meio da Alberto e Pantoja, a já conhecida empresa fantasma do esquema de Cachoeira, por meio de depósito na conta da filha de Bordoni, Bruna Bordoni.
A informação vital, que mostra Cachoeira como agente financeiro direto de Perillo, sem intermediários, está na quinta e última parcela, também de R$ 45 mil, que foram depositados na conta de Bruna pela Adércio & Rafael – a nova empresa fantasma da organização de Cachoeira que, até então, era desconhecida da CPMI.
Também chamada de A & R Construções e Incorporações, a empresa fantasma é mais uma das criadas por Rubmaier Ferreira de Carvalho, contador de Cachoeira especializado na criação de empresas-laranja, cujo modus operandi tem como peculiaridade a utilização do mesmo registro cadastral e o mesmo endereço.
A A&R, seguindo as manobras de ocultação utilizadas pela organização de Cachoeira, mudou de nome logo depois. Agora se chama G & C Construções e Incorporações – uma velha conhecida da CPMI. Rubmaier também é velho conhecido dos parlamentares. Ele é o mesmo que aparece na Operação Saint Michel, da Policia Civil do Distrito Federal, como agente corruptor de Valdir dos Reis, lobista que tentou fraudar a licitação de bilhetagem eletrônica do governo do Distrito Federal. A PF descobriu que ele recebeu três pagamentos de R$ 10 mil para realizar a operação – que foi abortada antes de ser consumada.
Na próxima reunião administrativa, deverá ser apresentado requerimento de quebra de sigilos para tentar se descobrir a origem do dinheiro que abastecia a Adércio e Rafael.
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