Uma parte da mídia se apressou em levar às manchetes nesta sexta-feira (13/07) que a presidenta Dilma Rousseff desdenhou do desempenho da economia, ao dizer que uma grande nação deve ser medida por aquilo que faz para suas crianças e para seus adolescentes, que não é o Produto Interno Bruto (PIB), mas sim a capacidade do País, do governo e da sociedade de proteger o que é o seu presente e o seu futuro. O governo trabalha com crescimento de 2% neste ano e abaixo dos 2,7% de 2011.
A solenidade que reforça a política governamental de Dilma para as crianças e os adolescentes do País perdeu a importância na opinião de alguns veículos que preferiram apostar negativamente para o desempenho econômico brasileiro que arrefeceu nos últimos meses por causa da crise financeira mundial, cada vez mais aguda na Zona do Euro. Para associar o “desdém” de Dilma, afirmou-se que há dois, três meses a presidenta enaltecia a tendência de um PIB para este ano bem maior do que a projeção de agora – a manchete da Folha de S. Paulo foi “Com PIB em queda, Dilma desdenha do indicador” e a do O Estado de S. Paulo “BC aponta estagnação e Dilma minimiza PIB fraco”.
Bastou uma leitura não tão profunda, mas imediatista e alarmante, do Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) que apontou redução de 0,02% em maio em relação ao mês de abril, para concluir que realmente a economia brasileira vai mal, mesmo com o índice de desemprego em 5,8% e inúmeras medidas adotadas para reaquecer a economia e melhorar a performance da indústria, cujos efeitos serão verificados de agora até o final do ano. Alguns jornais também destacaram que a indústria perdeu 100 mil empregos recentemente, como forma de realçar as análises que apostam na piora da economia do País.
Se vão acertar ou não, o tempo dirá, mas a leitura isenta e objetiva sobre a atividade econômica está contida no artigo de Claudia Safatle na edição de hoje do Valor Econômico. Sob o título “O pior já passou, acredita o governo”, a articulista interpreta dos dados do BC. “O recuo de apenas 0,02% em maio ante abril – isso mesmo, o recuo foi de 0,02% mas cresceu 0,18% na comparação com mesmo mês do ano anterior, nos dados dessazonalizados -, indica que a economia reagiu e pode ter crescido no segundo trimestre”. Claudia Safatle observa que o índice de desemprego ainda é baixo e a massa salarial continua em expansão, enquanto o crédito cresce e os estoques da indústria automobilística caíram.
“Embora não esteja nítida a recuperação da economia, o governo coleciona uma série de medidas e indícios de que o segundo trimestre não foi ruim como se imagina, o terceiro será melhor do que o segundo e no quatro trimestre a atividade estará num ritmo mais condizente com o PIB potencial. A agricultura, que contribuiu negativamente no primeiro trimestre, reagiu bem e a safrinha que começa a ser colhida vai irrigar a renda do campo. Há, também, todo o elenco de estímulos monetários e fiscais já concedidos e alguns elementos que podem dar sustentação à demanda doméstica, como o mercado de trabalho – a taxa de desemprego ainda é baixa, a despeito de alguns focos de desemprego, e a massa salarial continua em expansão – e o crédito, que cresce, embora de forma mais moderada”.
E as crianças e os adolescentes, como ficam? Ora, a presidenta Dilma enfatizou que esses brasileiros aos poucos começam a ter mais oportunidades de construir um futuro promissor, pessoal e para o Brasil; que as crianças e adolescentes vão ficar mais tempo na escola – dados do IBGE apontam que aumenta a idade de quem ingressa no mercado de trabalho, com maior capacitação – enfim. Difícil não é ser imediatista, é perceber e traduzir a profunda inflexão que o País experimenta desde o primeiro mandato do presidente Lula e que Dilma vai aprimorando. O Brasil é muito, mais muito diferente hoje do que era há 10 anos; o governo tem um projeto e a política para crianças e adolescentes também serve para um contraponto à triste realidade que se verifica nos chamados países desenvolvidos, especialmente os da Zona do Euro. Os jovens na Espanha, na Itália, na Alemanha vão para as ruas, pedem empregos, o nível de escolaridade está caindo e eles só querem uma coisa, esperança, o que temos de sobra no Brasil.
Marcello Antunes
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