Sarney se solidariza com povo acreano

O SR, JORGE VIANA (Bloco/PT – AC. Pronuncia o seguinte discurso.) – Sr. Presidente, José Sarney, venho a tribuna desta nossa Casa do Senado Federal para primeiro agradecer os gestos, as atitudes de solidariedade com o povo do Acre nesse momento de extrema dificuldade porque estamos passando.

Todos esses dias, mesmo antes do carnaval, nós senadores estamos no Acre e nos defrontamos com o maior desastre natural da História do Acre. São 100 anos de existência do Acre e não se tem notícia de um ambiente de calamidade como nós estamos vivendo em algumas cidades acreanas, especialmente Brasiléia na fronteira com a Bolívia e na Capital Rio Branco.

A situação só não é pior por conta de sermos moradores de rios e da experiência que acumulamos ao longo de anos e que vemos que criou-se uma maneira de agir conduzida, no caso, em Rio Branco, pelo Prefeito Angelim, que pela experiência de seis enchentes de alguma maneira criou uma condição para que ele pudesse enfrentar uma maior cheia da História do Acre.

 
O Governador Tião Viana, de manhã, à tarde e à noite está se dedicando a esse grave problema. Recebeu o apoio e a solidariedade da Presidente Dilma e de ministros do Governo, da Defesa Civil nacional, do Ministério da Defesa. E assim, juntos, acrianos e acrianas, estamos enfrentando esse momento de extrema dificuldade.

São números alarmantes. A decretação de calamidade em Rio Branco, na área atingida, foi feita pelo Sr. Prefeito Raimundo Angelim no domingo passado. Hoje de manhã cedo, a pedido do prefeito e da Prefeita Leila, de Brasiléia, entreguei cópia dos decretos, que peço possam constar nos Anais do Senado como parte dessa história de dificuldade que o povo acriano enfrenta. Fui entregar pessoalmente na Defesa Civil nacional, pela relação que estabeleci como Presidente da comissão temporária no Senado federal, que visava, e visa reestruturar o serviço nacional de defesa civil.

Os números são alarmantes porque o rio Acre transborda com catorze metros, e nós chegamos a ter 3,6 metros acima da cota de transbordamento. O número de casas atingidas chega a 24.766 imóveis. Um terço da cidade de Rio Branco foi atingida e está debaixo d’água. São 102 mil pessoas só na cidade de Rio Branco, 38 bairros, catorze comunidades rurais. O drama é na cidade e também no interior.

Quero dizer que, graças ao empenho do Governador Tião Viana, do Prefeito Raimundo Angelim, dos demais prefeitos, especialmente a Prefeita Leila, de Brasiléia, o caos não se estabeleceu no Acre, mas a decretação de calamidade pública com responsabilidade retrata bem o drama que o povo acriano, na parte do vale do Acre, vive hoje.

É com honra e satisfação que ouço o aparte do Senador Eduardo Braga, que também, como conhecedor, ainda há pouco se referia à cheia do rio Acre, que está atingindo a cidade de Boca do Acre, no Amazonas, na foz do Acre com o Purus, e, certamente, deverá ser a maior cheia de Boca do Acre da história. A Prefeita e a força de defesa civil nacional já estão socorrendo Boca do Acre, com a ajuda do Governador Tião Viana.

É com honra que ouço o aparte de V. Exª, Senador Eduardo Braga.

O Sr. Eduardo Braga (Bloco/PMDB – AM) – Senador Jorge Viana, eu peço o aparte de V. Exª para me solidarizar com o povo acreano diante desse momento de dor, de sofrimento, de angústia, diante de uma cheia inusitada no Estado do Acre. Sábado último passado, eu tive oportunidade de, conversando com o povo do interior do Amazonas, mais precisamente do Purus, ouvir o depoimento de uma senhora, que dizia o seguinte: contra a força da natureza, nada podemos fazer; mas, para amenizar a dor e o sofrimento do nosso povo os governos podem fazer muito. E é exatamente isso que V. Exª está dizendo neste momento da tribuna, que contra a força da natureza nada podemos fazer, mas, para amenizar o sofrimento do povo do Acre, do povo do Amazonas, no povo do Pará, do povo do Maranhão, que vão sofrer com essa enchente, é claro que o Governo Federal, os governos estaduais e os governos municipais podem muito fazer.

Quando Governador, enfrentei a maior seca do Estado do Amazonas e uma das maiores secas do Amazonas, em 2009. Implantamos, àquela altura, um cartão chamado SOS Enchente e, com esse cartão, atendemos 30 mil famílias que ficaram desabrigadas. O Governo do Amazonas distribuiu hoje, com recursos próprios do Estado, já para 11 mil famílias desabrigadas no Vale do Purus e no Vale do Juruá o cartão solidariedade do Governo do Estado do Amazonas. Nós estamos agora solidarizados com o Acre e aguardando as ações do Governo Federal para potencializar o socorro ao povo do Amazonas. Nossas solidariedades ao povo acreano e os nossos parabéns à ação do Governo do Estado, à ação do Governo Federal e dos governos municipais em socorro ao povo do Estado do Acre.

O SR. JORGE VIANA (Bloco/PT – AC) – Muito obrigado, Senador Eduardo Braga.

O SR. JOSÉ SARNEY (Bloco/PMDB – AP) – V. Exª me permite um aparte?

O SR. JORGE VIANA (Bloco/PT – AC) – Vou ouvir com muita honra o aparte do Presidente da nossa Casa, o Senador Sarney. Eu ainda há pouco conversava com ele. O Acre viveu duas outras grandes cheias, uma em 88 e outra em 97. Elas foram um pouco menores do que esta, atingiram menos gente. Naquela época, o Acre era isolado, em 88, não havia estrada para lugar nenhum, e o Presidente Sarney presidia o Brasil. Aconteceu um desastre natural com a cheia no Acre e em Petrópolis, no Rio de Janeiro. O Presidente Sarney, naquela época, deu um exemplo de amor pelo Brasil e de respeito pelo povo acreano: mudou as regras do jogo, alterou a liberação de recursos do FGTS, e fez um processo exemplar de reconstrução do desastre natural.

V. Exª, que, como Presidente, nos socorreu naquele período, sabe a importância que teve a reunião da bancada federal do Acre com os 11 Parlamentares, 3 Senadores (Senador Petecão, Senador Aníbal e eu) e os oito Deputados Federais que estamos juntos para buscar no Governo Federal o apoio que recebemos de V. Exª quando V. Exª presidia o Brasil.

É com satisfação que ouço o aparte do Presidente Sarney, que é Senador também da Amazônia.

O Sr. José Sarney (Bloco/PMDB – AP) – Eu vim ao plenário, Senador Jorge Viana para me congratular com a intervenção que V. Exª faz em defesa do povo do Estado do Acre. Ao mesmo tempo, para me solidarizar com toda a população daquela terra, com o governador, com todas as autoridades, com todos aqueles que estão sofrendo, porque realmente é uma tragédia. Sem dúvida alguma, é a maior enchente no Acre em todos os tempos. Eu me recordo que era Presidente da República quando houve uma enchente também no Acre e era Governador o Flaviano Melo. Nós também tivemos oportunidade de mandar socorrer o povo daquela terra com a construção de muitas casas, a infraestrutura para restaurar, e, ao mesmo tempo, abrindo crédito especial de modo a socorrer a população daquela unidade da Federação. Acredito que a Presidente Dilma, com o mesmo espírito de solidariedade vai, sem dúvida alguma, atender às solicitações da bancada e do povo da sua terra. Portanto, minha solidariedade e minhas congratulações com as palavras de V. Exª.

O SR. JORGE VIANA (Bloco/PT – AC) – Muito obrigado, Sr. Presidente, Presidente desta Casa e colega Senador José Sarney. Ainda hoje, na reunião da bancada, nós falávamos e lembrávamos a maneira como o governo federal, na época em que V. Exª era Presidente, nos socorreu. Somos moradores do vale da Amazônia; todo ano temos cheia. Mas uma enchente como essa, uma alagação como essa, de fato, é um grande desastre natural, tendo em vista as ocupações desordenadas que ocorreram ao longo de décadas em vários Municípios. Passaram por situações de emergência os Municípios: Assis Brasil, Basiléia, Manoel Urbano, Porto Acre, Rio Branco, Santa Rosa, Sena Madureira e Xapuri. O Acre tem 22 Municípios e nós tivemos oito deles em situação grave.

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