Meire Poza frustrou a expectativa dos parlamentares da oposição, que esperavam a confirmação de nomes de parlamentares supostamente beneficiados pelo doleiro, conforme afirmou a revistaVeja. A depoente considerou que a revista deturpou suas palavras, dizendo desconhecer o envolvimento de cada um dos incriminados antecipadamente pela revista.
“Houve exagero da revista porque não sei de qualquer relação do Alberto Youssef com a Petrobras”, disse ela, corrigindo a reportagem. Meire Poza não fez revelações bombásticas sobre o desvio de recursos do ex-diretor da Petrobras, Paulo Roberto Costa, em cumplicidade dom o doleiro, como a imprensa e a oposição esperavam.
No entanto, fez afirmações que incriminam o jornalista Breno Altman, ex-assessor de imprensa do ex-ministro José Dirceu, ao relatar que ela, pessoalmente, recolheu dinheiro das mãos de Altman que posteriormente teria sido entregue ao doleiro Enivaldo Quadrado, da corretora Bônus Bonval, também implicado no chamado “mensalão”.
Para o líder do PT, senador Humberto Costa (PT-PE), um dos integrantes da CPMI, as afirmações do depoimento da ex-contadora de Yousseff precisam ser investigadas e confirmadas, única maneira, segundo ele, para se evitar o linchamento moral das pessoas citadas pela ex-contadora – ela própria cúmplice de Yousseff, por ter emitido notas frias atendendo pedidos do doleiro preso no Paraná.
Ao final da reunião da CPMI, o líder do PT no Senado foi cercado por cerca de quinze jornalistas de rádios, jornais e televisões e respondeu às seguintes perguntas:
Zileide Silva – TV Globo – Como o senhor avaliou o depoimento da contadora?
Humberto Costa – Por um lado, frustrante porque havia uma expectativa criada de que ela pudesse apresentar um elenco de nomes de agentes públicos, parlamentares, integrantes de órgãos públicos que teriam sido beneficiados por essas transferências de recursos que ela teria realizado ou do que ela conhecesse. Na prática, ela citou as mesmas pessoas que já tinha citado em outras oportunidades. Por outro lado, ela também vem mostrar claramente que muitas coisas que foram atribuídas a ela, como o objetivo de indicar qualquer coisa que envolvesse o PT diretamente nessas ações, ela negou de forma peremptória que tivesse tomado essa posição ou feito qualquer depoimento nessa linha. Então, tem um lado que é positivo por estabelecer a verdade em relação a isso.
Zileide Silva – TV Globo – Mas ela confirmou a lavagem de dinheiro ao confirmar a emissão de notas no valor de R$ 7 milhões e também o pagamento para pagar a multa do senhor Quadrado (Enivaldo) quando ela foi receber três valores durante três meses no valor de R$ 15 mil.
Humberto Costa – Isso é algo que precisa efetivamente ser investigado. A CPMI, com toda a certeza, vai procurar se informar se isso é fato e porque isso aconteceu , com que finalidade aconteceu e se de fato aconteceu. Acho que é a única coisa nova que o depoimento dela trás.
Repórter – TV Senado – Ela detalhou esse esquema de lavagem de dinheiro de empresas que tinham contratos com a Petrobras e que usaram notas fiscais de empresas do doleiro Alberto Youssef.
Humberto Costa – Sim. Ela disse claramente que isso aconteceu. Essas empresas estão sendo objeto de investigação, mas acho que a clarificação de tudo vai acontecer quando nós tivermos acesso às delações premiadas, tanto do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa quanto do doleiro Alberto Youssef. Aí sim nós vamos poder estabelecer esses vínculos e de fato punir aqueles que eventualmente tenham praticado esse tipo de atitude.
Zileide Silva – TV Globo – O senhor concorda com a quebra do sigilo fiscal e bancário da empresa da contadora?
Humberto Costa – Veja, ela de fato confessou que de fato teria emitido notas frias no valor de R$ 7 milhões. Não vejo inconveniente que se faça essa quebra e se ela não tem nada a temer, certamente ela não vai se contrapor a isso. Mas é bem provável que a Justiça já tenha feito essa determinação.