Oposição não dá credibilidade à CPI que organizou, diz Humberto

Humberto: sem acesso à delação premiada, não foi possível pedir quebras de sigilo e nem convocar parlamentaresA tentativa da oposição de transformar as investigações da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) da Petrobras “em circo”, como revelou reportagem da Folha de S.Paulo desta terça-feira (09), ainda promete novas surpresas. É o que acena a nova tentativa de gerar turbulência dos parlamentares dos partidos que perderam as eleições de 30 de outubro, com a tentativa de emplacar um “relatório paralelo” da comissão.

O texto válido, como se sabe, é o que será apresentado pelo relator Marco Maia (PT-RS), escolhido para o cargo conforme determina a Constituição e o Regimento Interno do Congresso. Mas para os parlamentares que lutaram nos últimos sete meses para transformar os trabalhos da comissão em crise, a produção de um texto oficial, de valor zero para os trabalhos, configura-se como nova ocupação de espaços na mídia – único objetivo perseguido pela oposição desde que, em caravana, recorreram ao STF para criar uma comissão parlamentar paralela à que já iniciara seus trabalhos no Senado

Para o senador Humberto Costa (PT-PE), a disposição continuamente renovada para estressar os ânimos das reuniões mostra, na verdade, que nem os oposicionistas se levam à sério como investigadores.

 “Antes mesmo de conhecer o relatório oficial já se falar em apresentar um relatório paralelo é uma clara demonstração que a oposição não coloca qualquer credibilidade no instrumento que ela foi responsável pela instalação”, disse o líder do PT no Senado durante entrevista nesta terça-feira (9), referindo-se ao fato de que a CPI mista foi organizada a pedido dos próprios parlamentares oposicionistas.

Humberto acrescentou que não houve aprofundamento das investigações porque a comissão não teve acesso às delações premiadas – instrumento que beneficia suspeitos que colaboram com investigações com benefícios como a redução de pena – do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa. O petista afirmou que sem o acesso a essas informações não foi possível, por exemplo, pedir a quebra de sigilos bancário, fiscal e telefônico, além da convocação de parlamentares denunciados por Costa.

“Obviamente que a vinda da delação premiada independeu dos integrantes da comissão, mas todos os outros passos foram realizados de comum acordo. Não havia mais sentido no final fazer quebras de sigilo porque não chegariam a tempo para serem analisadas pela CPI. Também os entendimentos sobre convocação ou não de parlamentares esbarravam no fato de que não tínhamos o resultado da delação premiada, para saber até quem seria convidado. Na verdade, o que ocorreu até agora foi só especulação”, disse Costa.

Para tentar manter o tema em pauta na imprensa, deputados e senadores do PSDB, PPS e DEM pretendem elaborar um documento alternativo ao relatório de Marco Maia e não descartam incluir até mesmo pedir o indiciamento da presidenta Dilma Rousseff pelas denúncias que envolvem a estatal, mesmo não havendo indícios que levem a tal medida.

Na semana passada, Paulo Roberto Costa garantiu à CPI mista que jamais tratou das irregularidades que envolvem a estatal com o então presidente Lula ou com a então ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff. Durante aquela reunião, o deputado Izalci (PSDB-DF) chegou a provocar Costa: “O senhor não contou nem ao Lula, que o chamava de ‘Paulinho’?”. Costa rebateu: “Paulinho é folclore”.

Carlos Mota

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