Viana enquadra tucano: “PT não usa de subterfúgios para quebrar acordo”

Um duro embate movimentou a reabertura da Comissão de Meio Ambiente, Defesa do Consumidor e Fiscalização e Controle (CMA), destinada a eleger a composição da mesa na manhã desta terça-feira (3). Surpreendendo membros do colegiado, o nome de Ataídes Oliveira (PSDB-TO) foi indicado para ocupar a vice-presidência, junto com o senador Otto Alencar (PSD-BA) na presidência. A confusão causou o espanto e a reação do senador Jorge Viana (PT-AC), até ser convencido da existência de um novo acordo.

Pelo acordo de líderes firmado na semana passada, o líder do PMDB no Senado, Eunício Oliveira (CE), apresentaria o nome indicado do partido para ocupar a vice-presidência da comissão. Entretanto, cedeu a vaga para a liderança do PSDB. Tentando preservar o pacto que conhecia, Viana sugeriu que a eleição do vice-presidente ocorresse na reunião seguinte, para que ele tivesse tempo de confirmar a nova posição com a liderança do PMDB, uma vez que até o peemedebista Valdir Raupp (RO) também demonstrou desconhecimento da costura política feita pelo líder Eunício.

“Não estou conseguindo falar com meus líderes Eunício ou Humberto [Costa]. Então, para mantermos esse ambiente de confiança, vamos validar apenas a presidência hoje”, solicitou Viana. Mas o apelo não foi bem recebido pelos tucanos. O senador Ataídes acusou o petista de tramar um golpe para ficar com o cargo. “É um direito do PSDB a designação da vice-presidência. O PT já judiou horrores do partido do PSDB”, declarou.

Diante da acusação, Viana enquadrou o tucano: “A bancada do PSDB é que todo dia agride o PT. Além disso, nunca foi direito do PSDB estar na mesa desta comissão. As composições são feitas pelo entendimento, que é fruto de um acordo, mas não é um direito”, esclareceu.

Para tentar resolver a polêmica, o líder do PSDB, Cássio Cunha Lima (PB), e o vice-líder do PMDB, Romero Jucá (RR), esclareceram os termos do acordo firmado por Eunício, após um telefonema deste para Jucá. Superada a discussão, próprio Viana sugeriu que a votação ocorre de maneira simbólica, dispensando a contagem de votos, sendo por aclamação. Consultado, o senador Donizete Nogueira (PT-TO) concordou.

“Jamais a bancada do PT vai descumprir um entendimento feito pelo líder [Humberto Costa]. Não há interesse do PT de disputar isso. O PT não usa de subterfúgios para quebrar acordo”, afirmou Viana, levando o líder tucano a desculpar-se: “Houve um mal-entendido de minha parte. Trouxe a impressão falsa de que o PT estava querendo indicar outro nome”, disse Cunha Lima.

Ataídes também se justificou. “Quero agradecer especialmente o senador Jorge Viana. Houve um pequeno desentendimento. Peço desculpas por esse pequeno mal-estar”, disse ele.

Posse

No pronunciamento que sucedeu a sua aclamação como presidente da CMA, Otto Alencar frisou que dentre as seis eleições que disputou na Bahia, havia acabado de ser eleito na mais polêmica de sua vida. Ele disse ainda que queria “começar trabalhando” e aprovou um requerimento de realização de audiência pública para discutir os projetos de revitalização do rio São Francisco.

“Se não falarmos em revitalização, a água acaba e não haverá transposição. Não teremos nenhuma condição de sobrevivência humana se não preservarmos nossas nascentes”, explicou Otto.

A audiência deve contar com a presença dos governos dos estados de Minas Gerais, Sergipe, Alagoas, Bahia e Pernambuco. Na próxima reunião da comissão, o senador deve apresentar a data do debate.

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