Vinicius: “O turismo não faz parte, historicamente, da agenda de inovação deste País”O Brasil, aos poucos, vem se transformando em uma referência no setor do turismo. De 2004 a 2013, a área cresceu a uma média de 8,4%, o que coloca o País como a sétima economia de turismo no mundo. No entanto, ainda é preciso ampliar os investimentos e colocar o tema na agenda econômica brasileira. Foi o que afirmou o ministro do Turismo, Vinicius Lages, durante audiência pública, nesta quarta-feira (18), na Comissão de Desenvolvimento Regional e Turismo (CDR) do Senado.
“Um dos nossos desejos é em definitivo colocar o turismo na agenda econômica. E uma das formas de fazer isso, para nós, é colocá-lo na agenda de inovação”, explicou o ministro.
Segundo Lages, é preciso que o País, por exemplo, amplie os investimentos em infraestrutura digital. Ele lembrou que, mesmo com o aumento da oferta de internet nos últimos anos, menos da metade dos municípios brasileiros contam com banda larga. Acrescentou ainda que esse serviço é uma necessidade em infraestrutura cada vez mais comum, como foi, durante décadas, construção de estradas e pontes.
Para atrair a atenção de turistas e aumentar o potencial, é preciso que os municípios disponham na internet de informações que mostrem os atrativos locais. “Quem não contar também com infraestrutura de banda larga vai perder a chance de o turista compartilhar, em tempo real, vídeos e fotos sobre a sua experiência turística”, esclareceu.
Inovação, infraestrutura e vistos
As inovações tecnológicas também foram citadas pelo ministro como necessárias. “Há as demandas por serviços on-line, por tecnologia da informação, interatividade, inteligência embarcada. E cada vez mais nós vemos aviões, museus e hotéis incorporando essas tecnologias”, comentou. O estímulo para que engenheiros brasileiros invistam em soluções para o setor é uma dos focos da Pasta do Turismo, que recentemente fechou um acordo neste sentido com o Ministério de Ciência e Tecnologia.
“Um País mais inovador, mais acessível, mais fácil, mais integrado, mais atraente, mais internacionalizado poderá ser um País mais competitivo”, afirmou.
Lages frisou que o País vem expandindo a estrutura portuária, aeroviária e rodoviária, mas que é necessário continuar os investimentos para melhorar e ampliar os modais. Principalmente para facilitar o acesso às principais regiões com potencial turístico. Além disso, ele ressaltou que o setor pode expandir ainda mais seguindo os exemplos de outros países, que aportam volumes expressivos na economia do entretenimento, como parques temáticos e cassinos, gerando bilhões de dólares anualmente.
Outro aspecto destacado por Lages para fomentar o setor é facilitar aos turistas estrangeiros a obtenção de visto para entrada no País. “É absolutamente fundamental que o Brasil reconheça que tem, hoje, uma barreira comercial negativa ao exigir vistos para países que são grandes emissores de turistas para o mundo”, disse.
Economia criativa
Durante a audiência, o senador José Pimentel (PT-CE) destacou que é preciso discutir outras pautas de interesse do setor. Entre elas, a economia criativa, que engloba atividades de criação, produção e distribuição de produtos e serviços a partir do uso do conhecimento. Por exemplo, filmes, músicas, artes cênicas e softwares de entretenimento interativo.
“No Brasil, fala-se que essa economia já representa em torno de 5% do Produto Interno Bruto, mas precisamos, cada vez mais, estar com essa agenda para que possamos construí-la”, disse Pimentel. O senador defendeu uma audiência pública para tratar do tema e recebeu o apoio do ministro Lages, que destacou que a economia criativa é um dos grandes pilares dos setores de turismo e de serviços.
Destinos turísticos
Desde a criação do Ministério do Turismo, em 2003, já foram investidos, por meio da Pasta, cerca de R$ 9 bilhões em 16 mil projetos em 4,2 mil municípios. Ainda assim, os senadores lembraram ao ministro que ainda há diversas regiões com potencial turístico que ainda podem e devem ser explorados.
Um desses locais é o Estado do Tocantins, que ainda é um roteiro pouco conhecido, segundo o senador Donizeti Nogueira (PT-TO). Para ele, o governo do Estado deve apresentar à Pasta do Turismo uma agenda que vise o desenvolvimento local do setor. “Estão no centro do Brasil importantes belezas naturais para serem conhecidas e aproveitadas, e nós, certamente, vamos precisar muito do Ministério do Turismo”, destacou.
O município de Pipa, no Rio Grande do Norte, foi outro destino turístico, citado pela senadora Fátima Bezerra (PT-RN), que precisa de investimentos, como a conclusão de uma estrada que leva à cidade. “É um local conhecido nacionalmente e internacionalmente e a logística da infraestrutura rodoviária é fundamental”, colocou.
Eleição
Após a audiência, os parlamentares da comissão elegeram o senador João Alberto Souza (PMDB-MA) para a vice-presidência do colegiado.
Carlos Mota