Fátima: todos os titulares de contas com ligação política devem ser ouvidos, inclusive do PTO destaque no oligopólio de mídia foi mínimo, por causa do escudo de proteção ao PSDB, mas mostra um dos importantes caminhos abertos pela CPI do HSBC – a comissão de inquérito parlamentar, que investiga se há dinheiro de origem ilegal saído do Brasil para em contas secretas de brasileiros na Suíça. O escândalo é de proporções globais, já foi investigado e julgado em vários países, mas apenas começou no Brasil. Nos EUA, por exemplo, o HSBC foi multado em US$ 1,9 bilhão – um recorde.
O SwissLeaks (Vazamentos da Suíça), como ficou mundialmente conhecido, foi patrocinado pelo ex-funcionário do banco – Hervé Falciani. O alvo da CPI são as contas correntes de 8,6 mil brasileiros no HSBC, somando cerca de US$ 7 bilhões.
A senadora Fátima Bezerra (PT-RN) quer saber além do que vem sendo (pouco) publicado sobre a participação de partidos políticos ou seus dirigentes na guarda de dinheiro de origem ilegal. Ela quer que a CPI chame para depor seis dos correntistas ligados a partidos políticos, alguns já envolvidos em escândalos – independente de qual partido estejam ligados, inclusive o PT – que aprecem entre os clientes do HSBC. São eles:
São eles:
Márcio Fortes (PSDB-RJ), empreiteiro, ex-deputado-federal, membro da executiva nacional do PSDB (foi secretário geral do partido de 1999 a 2003), com longa ficha corrida na Receita Federal. Como tesoureiro do PSDB nas campanhas presidenciais de 1998 (Fernando Henrique Cardoso) e 2002 (José Serra), foi autuado e multado em R$ 7 milhões (à época) pela emissão de notas frias de uma de suas empresas, a Marka Serviços de Engenharia, encerrada seis anos antes. Os auditores identificaram 15 notas frias falsificando despesas de R$ 1,144 milhão na campanha à presidência da República de 2002 do hoje senador José Serra, tido como seu principal aliado no partido. No auto, os auditores escreveram: “a empresa está baixada desde 09/01/1996, e as notas foram emitidas em 2001 e 2003. Não pode o partido alegar que agiu de boa-fé, isto é, que não sabia da situação baixada da empresa, pois o responsável pela empresa perante a Receita Federal é o sr. Marcio João de Andrade Fortes, que, à época, era secretário-geral do partido”.
O saldo da conta de Márcio Fortes no HSBC da Suíça, em 20/06/2007, era de US$ 2.413.260,00 oculta sob a fachada da Aframfran Trust, com sede nas Ilhas Virgens Britânicas, notório paraíso fiscal que abriga capitais de origem desconhecida;
Daniel Tourinho, presidente nacional do PTC (Partido Trabalhista Cristão), que integra o “Movimento contra a corrupção”. Sua conta corrente na Suíça esteve ativa por apenas oito meses, entre 02 de fevereiro e 6 de novembro de 1992. Saldo zero, portanto, em 20/06/2007.
Marcelo Arar (PT-RJ) – vereador pela cidade do Rio de Janeiro desde 2010, aparece ligado a duas contas no HSBC, ambas abertas com duas pessoas com sobrenome Arar. Entrou no PT depois de não se eleger como vereador pelo PSDB em 2006. Também foi diretor de esportes da Suderj (Superintendência de Desportos do Rio de Janeiro) entre janeiro de 2006 e março de 2008. Uma de suas contas, encerrada, apresentava saldo zero; a outra de US$ 247.812,00 em 23/03/1998. Não declarou os depósitos à Receita brasileira.
Lirio Parisotto– classificado pela revista Forbes como “bilionário”, com fortuna estimada pela revista em US$ 1,6 bilhão, detinha cinco contas correntes, todas abertas entre os anos de 2001 a 2005, com saldos variando entre US$ 1 mil e US$ 45 milhões. Dono da Videolar, tradicional fabricante de mídias, sediada em Manaus, desde o tempo dos videocassetes. À época em que manteve a conta no HSBC, comprou da Rede Globo o controle da gravadora Som Livre. Em 2010, elegeu-se segundo suplente do senador Eduardo Braga (PMDB-AM), atual ministro de Minas e Energia. No registro de sua candidatura, não declarou as contas na Suíça.
Jorge Roberto da Silveira (PDT-RJ), ex-prefeito de Niterói (RJ) nos períodos de 1989 a 1992, 1997 a 2000 e 2009 a 2012, com saldo zero na conta corrente em 20 de junho de 2007;
José Roberto Vinagre Mocarzel – Tido como braço direito de Silveira, foi secretário de Obras de Niterói e ex-presidente da Empresa Municipal de Moradia, Urbanização e Saneamento de Niterói. O saldo de sua conta era zero em 20/07/2007.
Paulo Celso Mano Moreira da Silva – Acusado de improbidade administrativa por suspeita de corrupção no caso dos desvios em obras e trens do sistema de transporte metropolitano de São Paulo, o “Trensalão”. Ex-diretor do Metrô, Moreira da Silva é acusado de receber propina da multinacional francesa Alstom, dentro do esquema de desvios de dinheiro público que atravessou os governos de José Serra e Geraldo Alckmin, ambos do PSDB. O ex-diretor do metrô não está só. Sua esposa e suas filhas também são titulares de contas. Uma delas, Fernanda Mano da Silva, é ativa militante da “Campanha contra corrupção no Brasil – Eu tenho vergonha dos políticos brasileiros”, conforme notou Fernando Rodrigues, jornalista do UOL escolhido pelo Consórcio Internacional de Jornalismo Investigativo para receber os dados vazados do HSBC. Em julho de 2007, a família detinha US$ 3.032.936,00.
Ademir Venâncio de Araújo– Também ex-diretor do Metrô de São Paulo e igualmente acusado de se beneficiar com o superfaturamento de obras e aquisições do sistema metropolitano de São Paulo, Venâncio de Araújo está sendo investigado pela Polícia Federal por outros crimes, entre eles a da lavagem de dinheiro. Como seu ex-colega de diretoria no Metrô de São Paulo, também abriu conta em nome da esposa, Sumaia Maria Macedo de Araújo. O casal também aparece como controlador da Jemka Investments, instalada no paraíso fiscal de Jersey, administrado pelo governo inglês, no Canal da Mancha (Europa).O saldo a conta do casal, em julho de 2007, somava zero, depois de abrigar quase US$ 7 milhões em anos anteriores.
Paulo Celso Mano Moreira da Silva é acusado de improbidade administrativa pelo Ministério Público do Estado por suspeita de corrupção com a Alstom. Em 2014, ele entrou na mira do MP após a multinacional francesa Alstom reconhecer que pagou propina a funcionários públicos brasileiros ligados ao governo de São Paulo. Segundo as planilhas do HSBC, somando as contas da esposa e filhas, Araújo dispunha de US$ 6,9 milhões em 2007.