IBGE: agropecuária cresceu 4,7% no primeiro trimestre deste ano em relação aos últimos três meses de 2014O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou, na manhã desta sexta-feira (29), o resultado das contas nacionais relativo ao primeiro trimestre deste ano, indicando uma retração no comportamento da produção e despesa dos diversos setores da economia que formam a riqueza no País. O Produto Interno Bruto (PIB) recuou 0,2% de janeiro a março em comparação aos últimos três meses de 2014. A contração foi de 1,6% se comparado o primeiro trimestre deste ano com o primeiro do ano passado. Graças ao setor agropecuário a queda do PIB não foi maior. Aliás, foi a única atividade que apresentou crescimento robusto, sendo 4,7% entre o primeiro trimestre deste ano e o quarto de 2014 e 4% na comparação do primeiro trimestre deste ano com o primeiro de 2014.
Os demais setores apresentaram quedas nos comparativos com o quarto e o primeiro trimestres de 2014. Respectivamente, o setor da indústria teve redução de 0,3% e de 3%, enquanto o de serviços apresentou contração de 0,7% e de 1,2% e, o consumo das famílias – que exerce peso expressivo na formação do PIB –, caiu 1,5% e 0,9%. Outra queda registrada foi no consumo do governo, de 1,3% e 1,5%.
Em valores correntes, o PIB acumulado no primeiro trimestre deste ano foi de R$ 1,408 trilhão. O IBGE apontou que o desempenho positivo do setor agropecuário teve influência de alguns produtos da lavoura com safra no primeiro trimestre do ano. O Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA) realizado pelo instituto apontou que a safra da soja cresceu 10,6%; o arroz 0,7%, a mandioca 5,1% e fumo 1,7%, enquanto que o milho, que tem safra significativa entre janeiro e março, recuou 3,1%.
A indústria de transformação, por sua vez, caiu 7% por causa do decréscimo da produção da indústria automotiva, de máquinas e equipamentos, produtos eletrônicos e de informática e artigos de vestuário. A atividade de eletricidade e gás, esgoto e limpeza urbana teve queda de 12%, cuja influência veio do maior uso das termelétricas na geração de energia e pela redução do fornecimento e consumo de água. A construção civil caiu 2,9% e a atividade extrativa mineral, que cresceu 12,8% em relação ao primeiro trimestre de 2014, por causa do aumento da produção de petróleo, gás natural e minérios ferrosos, tende a contribuir para o resultado do PIB relativo ao segundo trimestre deste ano.
No setor externo, as exportações de Bens e Serviços subiram 3,2% e, por conta da alta do dólar a partir do começo do ano, as importações recuaram 4,7%.
Conjuntura
A retração econômica neste ano, de acordo com os números do Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias para 2016, indica que o Produto Interno Bruto (PIB) terá recuperação de 1% e neste ano haverá queda de 1,2%. De acordo com o ministro do Planejamento, Orçamento e Gestão (MP), Nelson Barbosa, o governo está fazendo sua parte ao promover ajustes. O contingenciamento de R$ 69,9 bilhões para este ano, das despesas discricionárias, aqueles não obrigatórias, contribuirá para o governo obter um superávit primário.
Com isso, será possível conter as despesas e as medidas do ajuste vão permitir a recuperação da arrecadação tributária. O resultado dessas iniciativas fortalecerá as bases para a retomada do crescimento sustentado a partir de 2016, onde o cenário indica inflação menor e juros menores. A taxa Selic que iniciou uma rota de alta no final do ano passado, como forma de conter a inflação e a pressão sobre a demanda, surtiram os efeitos.
Na apresentação das contas nacionais (veja aqui) nota-se a retração do consumo das famílias e ainda um crescimento menor da taxa da poupança.
Marcello Antunes, com informações do IBGE
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