O Plenário do Senado aprovou, nesta terça-feira (16), um projeto de resolução que restaura o mandato de senador de Luiz Carlos Prestes, que havia sido cassado por ato da Mesa, em 1948, quando o Partido Comunista Brasileiro (PCB) foi posto na ilegalidade. “Estamos fazendo justiça a um dos personagens históricos mais importantes do País”, celebrou o senador Humberto Costa (PT-PE), para quem o líder comunista, morto em 1990, representa “uma verdadeira legenda, um símbolo das causas sociais e da liberdade”.
Segundo Humberto, o líder comunista |
Humberto também alertou para a necessidade de estar alerta para as situações em que as classes dominantes forjam uma suposta “ameaça” como pretexto para golpear a democracia e o estado de direito. Um desses casos foi o chamado Plano Cohen, que serviu de justificativa para a implantação da ditadura do Estado Novo (1937-1945). Outro exemplo citado pelo senador foi exatamente o banimento do Partido Comunista “em plena vigência da democracia e de uma Constituição”.
“Faço parte de uma geração que |
Para Jorge Viana (PT-AC), vice-presidente do Senado, a anulação da cassação de Prestes inscreve-se entre as ações que contribuem para o resgate da imagem do Legislativo perante a sociedade. “Faço parte de uma geração que se inspirou no exemplo de Prestes, que dedicou uma vida inteira à luta pela liberdade e pela igualdade. Hoje, tenho a alegria de integrar a Mesa Diretora do Senado que irá assinar esse ato de justiça”, afirmou.
Cavaleiro da Esperança
Luiz Carlos Prestes, secretário-geral do PCB, foi eleito senador Constituinte por três estados brasileiros em 1945, com 157.397 — a maior votação proporcional da história política brasileira até então. O Cavaleiro da Esperança disputou o pleito, o primeiro após a redemocratização e o fim do Estado Novo, recém saído da cadeia, onde passou uma década, a maior parte do tempo em regime de solitária. Como lembrou Humberto Costa, o advogado de Prestes, Sobral Pinto, chegou a recorrer à lei de proteção aos animais vigente á época para tentar melhorar as condições carcerárias do líder comunista.
Prestes foi preso em 1936, em conseqüência de sua participação no Levante Comunista de 1935, junto com sua companheira Olga Benário. Ela, judia alemã, foi entregue pelo Estado Novo ao regime nazista, que a executou no campo de extermínio de Bernburg, em 1942.
O apelido de Cavaleiro da Esperança foi dado a Prestes por seu companheiro de bancada Constituinte, o escritor Jorge Amado, e serviu de título ao livro escrito pelo romancista baiano sobre a Coluna Prestes (1925-1927), uma longa marcha pelos sertões do País que buscou mobilizar os brasileiros contra as oligarquias da República Velha, e pela conquista de direitos como o voto secreto e o ensino público.
Veja foto de jornal na época da cassação do mandato de Carlos Prestes
Cyntia Campos
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