Viana: o roubo escandaloso da quadrilha no metrô de São Paulo não é notícia; os pedalinhos dos netos de Lula, simO senador Jorge Viana (PT-AC) subiu ao plenário nesta quarta-feira (02) para desabafar sobre a tendenciosidade e parcialidade da edição da terça-feira (29) do Jornal Nacional, principal noticiário da maior rede de televisão do País. O senador disse ter ficado chocado com a atenção e o tempo dado para a notícia dos pedalinhos dos netos do ex-presidente, em comparação à nota dada para noticiar mais um estágio do escândalo do metrô de São Paulo, que ainda hoje prejudica milhões de pessoas.
“Ontem o Jornal Nacional fez tudo, menos jornalismo. Talvez seja por isso que vai perdendo o prestígio ao longo do tempo. O acriano Armando Nogueira ajudou a criar a linguagem do Jornal Nacional. Acho que o Armando deve estar, nesta hora, com vergonha do que passou ontem”, disse. “No afã de atingir o presidente Lula, estão atingindo sua família, atingindo sua esposa. Agora chegaram aos netos do presidente Lula”, indignou-se.
Viana lembrou a inutilidade do noticiário da rede que ainda detém a maior audiência do Brasil dizendo que o próprio Instituto Lula já explicou detalhadamente que dona Marisa, esposa de Lula, deixou os pedalinhos no lago sítio frequentado pela família porque não eles não cabem no apartamento em que vivem em São Bernardo do Campo.
Na sequência do noticiário, enfatizou Viana, o Jornal Nacional tratou do escândalo de corrupção envolvendo desvios de R$1,8 bilhão do sistema de transporte metropolitano de São Paulo durante vários mandatos de governadores do PSDB. Mas o tratamento dado a esse fato real foi bem diferente, enfatizou
“Não é especulação”, afirmou o senador, ao apontar que o “escândalo do metrô”, como ficou conhecido, que ainda hoje prejudica milhões de pessoas, ganhou uma mera nota, sem imagens para ilustrar.
“Um roubo, um escândalo, uma quadrilha agindo no governo de São Paulo, saqueando R$1,8 bilhão”, acusou. “E isso não é notícia. Não deve ser passado adiante para o povo brasileiro”.
Viana lembrou ainda que a perseguição da imprensa ao presidente Lula já rendeu matérias como a canoa de alumínio de 5 m de cumprimento, avaliada em menos de R$ 5 mil.
“Quantos esses que fazem notícias devem ter nos seus iates, nos seus barcos? ”, questionou. “Mas foi uma canoa da dona Marisa que tomou conta do noticiário mais importante do Brasil”.
O senador também comentou, em seu discurso, o dia em que um dos diretores da família que controla o conglomerado de mídia Globo, João Roberto Marinho, esteve no Congresso conversando com todas as lideranças partidárias.
“Será que ele não está vendo isso? Será que quem dirige o Jornal Nacional está com esse propósito? ”, perguntou.
Como prévio antídoto a acusações previsíveis e surradas, o senador antecipou que não está sugerindo censura. Longe disso. Mas insistiu que ficou “envergonhado” com o que assistiu na televisão
“Estou só comparando estas duas matérias: os pedalinhos e o escândalo do roubo dos trens de São Paulo, do metrô de São Paulo e de R$1,8 bilhão que o governo da Suíça já identificou como corrupção comprovadas”, apontou.
Em aparte, o senador Donizeti Nogueira (PT-TO) classificou a situação como “assustadora”. Segundo ele, esse “é um tipo de jornalismo nefasto para o País que não tem outro objetivo senão destruir a imagem da maior liderança popular que nós temos, que é o presidente Lula”, avaliou.
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