Parlamentares e jornalistas defendem o fim do oligopólio da mídia

Parlamentares e jornalistas defendem o fim do oligopólio da mídia

Lindbergh:”Conluio entre a Globo, a revista Veja e setores dos órgãos de fiscalização visa a provocar a rendição do governo às pautas conservadoras e aos interesses de grandes grupos econômicos”A investida da Rede Globo contra a imprensa independente não vai ficar sem resposta. Na última segunda-feira (7), um ato promovido pelo Sindicato dos Jornalistas de São Paulo reuniu profissionais de comunicação, lideranças políticas e representantes dos movimentos sociais para manifestar solidariedade aos blogs ameaçados de censura pelo maior conglomerado de mídia do País e organizar uma estratégia para enfrentar os ataques. 

O advogado Marcelo Lavenere, ex-presidente da OAB, os senadores Lindbergh Farias (PT-RJ) e Roberto Requião (PMDB-PR), os deputados Paulo Pimenta (PT-RS) e Jandira Feghalli (PCdoB-RJ) foram algumas das lideranças políticas que compareceram ao ato que cobrou das autoridades medidas efetivas contra o oligopólio que domina a indústria de mídia no Brasil.

Lindbergh Farias pediu um maior empenho de militantes, líderes políticos e veículos de esquerda para exigir que as investigações contra políticos de oposição não fiquem paradas em gavetas. “O senador Aécio Neves (PSDB-MG) já foi citado por pelo menos quatro delatores. Temos de perguntar ao procurador-geral da república, Rodrigo Janot, o motivo de não abrir uma investigação contra ele”.

Para o senador, o conluio entre a Globo, a revista Veja e setores dos órgãos de fiscalização tem o objetivo final de provocar a rendição do governo às pautas conservadoras e aos interesses de grandes grupos econômicos. “É um espetáculo midiático a serviço da privatização do pré-sal, da dilapidação do nosso patrimônio e do projeto neoliberal”, ressaltou.

Os palestrantes foram unânimes em alertar que a falta de regulação do setor de mídia tem se constituído em uma ameaça à democracia no Brasil. A aliança dos poucos e poderosos grupos empresariais que controlam a mídia com os procuradores da força-tarefa de Curitiba, setores da Polícia Federal e o juiz Sérgio Moro, que conduz o inquérito da Lava Jato está “pouco se lixando se fragiliza o Estado de Direito”, como resumiu Lindbergh.

A condução coercitiva ilegal do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ordenada por Moro na última sexta-feira (04), também foi condenada unanimemente pelos oradores, para quem essa nova arbitrariedade soma-se à série de irregularidades e atropelos que vêm sendo cometidos pelos procuradores e por Moro há dois anos.

Ataque aos blogueiros
Uma série de jornalistas e blogs independentes  foram recentemente notificados para pararem de divulgar informações sobre o tríplex que seria da  família Marinho, uma mansão construída em área de proteção ambiental, à beira mar, no município de Paraty, no Rio de Janeiro.

Trecho do discurso de Lindbbergh Farias. Assista ao ato na íntegra aquiA manifestação contra a tentativa de censura dos donos da Rede Globo contra a imprensa independente foi organizada pelo Sindicato dos Jornalistas de São Paulo e pelo Centro de Estudos Barão de Itararé. O ato também se converteu em movimento pela democratização da mídia e em defesa da presidenta Dilma Rousseff (PT) e do ex-presidente Lula contra a possibilidade de um golpe “jurídico midiático”.

Marcelo Lavenère, ex-presidente da OAB, afirmou que “a pior legalidade que existe é aquela que tem uma ilegalidade encravada nela”. Ele classificou o episódio da “condução coercitiva” do ex-presidente Lula como uma “arbitrariedade e uma sacanagem” contra um símbolo. Ele destacou o papel da imprensa na criação desse cerco e lembrou que o capítulo sobre a comunicação “é o único da Constituição de 1988 a não ter uma linha sequer regulamentada”.

O senador Roberto Requião (PMDB-PR) atribui o cenário político atual a uma tentativa internacional de enfraquecimento do estado social, para a reconstrução do neoliberalismo. “Isso passa também pelo enfraquecimento do Congresso, com parlamentares que não servem a uma ideologia, mas sim a seus financiadores. Outro ponto é a precarização do trabalho, no caso do Brasil, com a destruição da CLT (Consolidação das Leis do Trabalho)”, explicou.

Cyntia Campos, com agências de notícias

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