Presidente da CBF se recusa a responder questionamentos sobre corrupção

Presidente da CBF se recusa a responder questionamentos sobre corrupção

Romário: “Entendo que o senhor não tem nenhum tipo de autonomia, não manda, não tem capacidade e nem coragem para mandar”No mesmo dia em que a FIFA pede o ressarcimento de aproximadamente 20 milhões de reais de indenização de cartolas brasileiros como Ricardo Teixeira, José Maria Marin e Marco Polo Del Nero – os três ex-presidentes da CBF – , a CPI do Futebol do Senado ouviu, nesta quarta-feira (16), o presidente em exercício da entidade máxima do futebol no Brasil, Antônio Carlos Nunes, presidente licenciado da Federação Paraense de Futebol.

Por ser o vice mais idoso, coronel Nunes, com 77 anos, assumiu a presidência da entidade após o pedido de licença de Marco Polo Del Nero.   

“Nós administramos a CBF e, eu digo, que durante a carreira que fiz na Polícia Militar do Pará, aprendi a comandar. Administramos a CBF como a Policia Militar. Eu mando e ninguém vai mandar mais que o presidente. Mas, minhas decisões, são tomadas em reunião colegiada”, disse Nunes, em resposta a questionamento do senador Romário (PSB-RJ), presidente da comissão. “Sua resposta é muito bonita. Parabéns”, ironizou Romário.

Esta foi uma das poucas respostas obtidas pelo colegiado. Nunes se reservou o direito de permanecer em silêncio em todas as vezes que foi questionado sobre a existência de corrupção na estrutura da CBF.

Segundo Nunes, após 60 dias de gestão, a CBF tem dado sequência ao que foi programado anteriormente pelo comando da entidade. “A CBF acabou de instituir o projeto de reforma, criando o conselho de ética, dentre outros. Temos, nesse comitê de gestão, como primeiro item, a reforma do regimento”, explicou.

“Sinto-me orgulhoso de participar desse momento, desse trabalho de desenvolvimento do futebol brasileiro. A pretensão nossa é modificar muita coisa no futebol brasileiro”, apontou o coronel.

O relator do colegiado, senador Romero Jucá (PMDB-RR), sugeriu ao presidente da CBF que seja assinado um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) entre a CPI e a CBF, visando uma série de medidas que serão apresentadas pelos senadores em prol da modernização da estrutura do futebol nacional.

O regimento informa que o depoente não pode ler as respostas das perguntas feitas. Porém, Romário disse: “Como o senhor não sabe de nada, pode continuar sua leitura”.

Visivelmente irritado, o senador Romário disse que o papel exercido pelo coronel Nunes não é digno de um presidente e não condiz com a posição exercida por ele no futebol brasileiro. “Fica feio o senhor nessa condição. Entendo que o senhor não tem nenhum tipo de autonomia, não manda, não tem capacidade e nem coragem para mandar, diferentemente de outros coronéis que conheço”, concluiu.

Requerimentos
Antes da oitiva do presidente do colegiado, os senadores rejeitaram 11 requerimentos que pediam, entre outras coisas, a convocação do ex-presidente da CBF, Ricardo Teixeira. 

Jucá orientou o voto contrário justificando que, anteriormente, o STF tomou quatro decisões rejeitando determinações do plenário da CPI por “falta de fundamentação”. “Eu não sou contra convocar ninguém, não sou contra quebrar o sigilo de ninguém, desde que a gente, efetivamente, tenha uma formulação que dê margem a que a gente vá até o Supremo e ganhe lá essa pendenga”, disse.

“Não adianta a gente falar aqui teoricamente. O que vale é a prática. Na prática, essas ações não são a favor do futebol – me desculpe, isso é o que eu penso, eu sempre vou falar aquilo que eu penso”, retrucou Romário.

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