Humberto: rompimento PMDB-Governo foi “um golpe de mão dado pelo comando peemedebista”A decisão da cúpula do PMDB de deixar o governo Dilma é uma oportunidade para que a administração petista possa repactuar apoios e recompor sua base com partidos verdadeiramente comprometidos com a governabilidade, com a democracia e com o futuro do Brasil, avalia o líder do Governo no Senado, Humberto Costa (PT-PE). “Tanto melhor que o joio tenha tomado a iniciativa de se separar do trigo”, afirmou o senador, em pronunciamento ao plenário nesta quarta-feira (30).
“Vamos continuar dialogando abertamente com vários integrantes do partido que, tendo suas críticas ao governo e propondo correção de rumos urgentes, guardam responsabilidade com o país e com a manutenção da ordem democrática, pela qual o velho PMDB tanto lutou”, destacou Humberto, lembrando que entre esses integrantes estão os ministros peemedebistas que decidiram permanecer ao lado do governo.
Para recompor sua base de apoio com segmentos comprometidos com um programa de conquistas sociais e inclusão, o governo precisará adotar novas propostas e seguir novos rumos que deem mais representatividade ao conjunto dos nossos aliados, apontou o líder. Ele relatou que sentiu constrangimento diante da cena aramada para selar o desembarque do PMDB do governo — na tarde da última terça-feira (29), os caciques do partido levaram menos de três minutos para sacramentar essa decisão.
“Foi uma demonstração escancarada de oportunismo”, onde o ápice foi a presenta da “figura lamentável” do presidente da Câmara, Eduardo Cunha, criticando “os graves escândalos de corrupção no país” [sic]. Isso diz muito sobre a fanfarrada, que, felizmente, durou apenas três minutos, o tempo de um leilão”, disparou o senador.
Humberto pondera, entretanto, que a pantomima da terça-feira não pode ser atribuída diretamente ao conjunto do PMDB, que tem uma larga trajetória e várias tendências internas, entre as quais muitas contrárias à decisão de abandonar o governo. Ele destacou a ausência de alguns diretórios no ato de desembarque e as manifestações responsáveis e consequentes de muitos dos integrantes do partido. O líder petista frisou que a formalização do rompimento foi, na verdade, “um golpe de mão dado pelo comando peemedebista – especialmente pelo seu presidente nacional, o vice-presidente da República, Michel Temer – para tentar tomar de assalto o Palácio do Planalto”.
O senador destacou que não há mais interesse do PT nem do governo em dialogar “com os golpistas que se encastelaram na estrutura orgânica do PMDB”, mas anunciou que será ampliada a conversa com “os que se recusam a ingressar nessa quartelada civil empreendida pelo comando partido. A partir de agora, mais peemedebistas, menos PMDB”, resumiu.
Irônico, Humberto lembrou que o departamento de Recursos Humanos do Palácio do Planalto espera, ansiosamente, que “aqueles parlamentares de discursos tão inflamados e extremamente determinados a abandonar o governo passem lá, agora, para devolver os quase 600 cargos que dispõem na estrutura federal, em coerência com a proposta de não contribuir mais com a nossa administração”. E preveniu: “Se não o fizerem, nós o faremos, tenham certeza. Porque quem renuncia a um governo por discordar dele, renuncia aos cargos que nele ocupa. É uma premissa básica, que o vice-presidente da República deveria levar seriamente em conta”.
A repactuação da base de apoio ao governo no Congresso, ressaltou Humberto, precisa abrir caminho para que pautas verdadeiramente representativas e almejadas pelos brasileiros sejam assumidas, como o Minha Casa Minha Vida, cuja terceira fase foi lançada nesta quarta-feira pela presidenta Dilma, com quatro milhões de imóveis já contratados e respondendo por uma redução de mais de 10% do déficit habitacional brasileiro.
“Do que a gente precisa é de ideias e de trabalho em favor da população. É por isso que lutamos tanto para chegar à Presidência da República”. E alfinetou: “E chegamos pelo voto da maioria dos brasileiros por quatro vezes seguidas, diferentemente dos que ambicionam uma entrada pela porta dos fundos para usar o cargo mais alto do país em proveito próprio e pela criação de uma República do fisiologismo, como o Brasil já conheceu”.
Cyntia Campos
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