Humberto: luta contra o golpe não vai parar até que “consigamos vencer e impingir a esses golpistas uma derrota que os varra definitivamente para o lixo da história”O clima quente de debates no País tem produzido, diariamente, diversos novos analistas políticos. Para o líder do governo no Senado, Humberto Costa (PT-PE), outra profissão que está em voga no Brasil nos últimos dias é a de contador de votos favoráveis e contrários ao golpe em curso contra a presidenta Dilma na Câmara dos Deputados, especialmente do lado da oposição.
“Não são poucos os que têm cantado vitória, arriscando placares absolutamente estapafúrdios para mentir de uma maneira descarada sobre o resultado da votação no próximo domingo no plenário da Câmara dos Deputados”, criticou o parlamentar, nesta quarta-feira (13), da tribuna do Senado.
Como lembrou o senador, o fato concreto é que não há nada resolvido. Para ele, é uma inconsequência chutar resultados. “Não há um só levantamento feito por instituições sérias que dê 342 votos necessários aos golpistas, seja os 172 votos necessários aos defensores do Estado de Direito para apresentar como definida a votação de domingo. Ou seja, quem quer que se arrisque nessa definição ou está dando um palpite ou fazendo uma bravata”.
Humberto lembrou que o governo tem feito monitoramento de todas as variáveis possíveis, além de estratégias para conseguir barrar o processo contra Dilma ainda na Câmara.
“Não descansaremos um segundo, não arredaremos um milímetro da posição de defender a Constituição e uma presidente eleita pela vontade soberana da maioria do povo brasileiro”, disse.
Para o senador, Dilma está sendo vítima basicamente de dois grupelhos políticos: o das carpideiras das eleições de 2014 – que até hoje choram a derrota, a quarta consecutiva que sofreram para a Presidência da República – e o do fisiologismo, formado por um grupo que quer, sem ter votos, “tomar o Palácio do Planalto de assalto”.
“Felizmente, são muitos os parlamentares que têm refutado este tipo de jogo sujo, feito às claras nas dependências da Câmara dos Deputados e da vice-presidência da República, operados por mãos e consciências sujas, que vendem benesses, favores e sabe-se lá o que mais, em um eventual governo dessa turma”, lembrou.
“Refundar o governo”
No caso de vitória contra o golpe, o senador Humberto destacou que será necessário refundar o governo, organizando, inclusive, uma reorientação na política econômica para que o País saia da crise. Além disso, será preciso estabelecer um novo pacto social, onde todos os setores da sociedade serão chamados a contribuir com propostas de políticas públicas de interesse do Brasil.
O que estará em conflito nesse processo de impeachment, de acordo com Humberto, são dois Brasis: o do arrocho, o da miséria, o do desemprego, o da privatização das riquezas nacionais, representado pela trupe que quer golpear a Presidenta Dilma e destituí-la do cargo, para devolver o País à década de 90; e o Brasil do ganho real do salário mínimo, do aumento da renda da população, do respeito aos aposentados e pensionistas, do respeito a um País que saiu do mapa da fome e que retirou mais de 36 milhões de pessoas da extrema pobreza.
O parlamentar chamou a população para continuar vigilante contra o golpe, pedindo que “não abra mão de um palmo de cada espaço público que puder ocupar” em favor dos avanços e contra o retrocesso, em favor da democracia e contra a ruptura da ordem democrática.
Ele pediu, porém, que essa mobilização ocorra de forma respeitosa e sem agressões – como vêm fazendo os fascistas favoráveis ao golpe.
“Essa luta que travamos hoje pela democracia e pelo respeito à Constituição é uma luta em que todos estamos juntos e que não vai parar até que consigamos vencer e impingir a esses golpistas uma derrota que os varra definitivamente para o lixo da história”, finalizou o senador.
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