Viana propõe reflexão sobre que País surgiria de um processo ilegítimo

Viana propõe reflexão sobre que País surgiria de um processo ilegítimo

Jorge Viana: ainda dá tempo de pensar o dia seguinte a essa aventura do impeachment e impedir o desastreComo constará na História do Brasil um impeachment comandado por Eduardo Cunha? Que condução política o País herdará de um processo tão ilegítimo? Essa é a reflexão que propõe o senador Jorge Viana (PT-AC), para quem o Brasil não merece passar por uma situação como a que se desenha caso o afastamento da presidenta Dilma seja aprovado pelo Legislativo.

Para Viana, sequer haveria o processo de impeachment, não estivesse Eduardo Cunha na Presidência da Câmara, movido pelo desejo de vingança contra a presidenta Dilma, que se recusou a apoiar suas tentativas de se livrar de um processo no Conselho de Ética daquela Casa.

Aos que acreditam estar se servindo de Cunha para pavimentar um atalho para o poder, Viana faz um grave alerta: “Ninguém consegue se livrar de Eduardo Cunha: o PMDB não consegue, a Câmara não consegue, o Dr. Rodrigo Janot também não. E ele está usando o que ele tem de pior para levar o Brasil junto para o abismo, para o desastre que está configurado”, afirmou o senador, em pronunciamento ao plenário, nesta quarta-feira (13).

Viana chamou atenção para o poder já amealhado por Cunha no Congresso e para as consequências imprevisíveis de torná-lo, por meio do impeachment de Dilma, o virtual vice-presidente da República. “Num eventual governo Temer, ele será o vice e certamente mandará mais que Michel Temer. Quem vai endossar um governo desses?”, questiona. O senador ressaltou que ainda dá tempo de pensar o dia seguinte a essa aventura do impeachment e impedir o desastre.

Onde iria para o Brasil
Na reflexão proposta por Viana, ele convidou os colegas de plenário a imaginarem que base social sustentaria um eventual governo Temer/ Cunha. “Onde iria parar o Brasil? Isso não resolve a crise, não combate as falhas do Governo Dilma nem os erros que o Brasil vive, não combate essa hipocrisia que a gente vive aqui”.

Trocar os 54 milhões de votos obtidos por Dilma por pouco mais de 300 votos da Câmara que que podem instaurar o impeachment, destacou Viana, não é apenas uma página triste, que ainda vai envergonhar a muitos que hoje se veem na mesma trincheira de Eduardo Cunha. “Com todo o respeito àqueles que apoiam o impeachment, porque tem gente respeitável lá, acho que num futuro não muito distante vão se arrepender de ter emprestado a sua seriedade, a sua liderança, o seu respeito a um processo de impeachment ilegítimo. Eu, sinceramente, não queria estar na pele de alguns que estão abraçados com o Eduardo Cunha”, afirmou o senador.

“Ódio e moralismo”
O senador petista considera legítimas as críticas de expressiva parcela da sociedade ao governo da presidenta Dilma —“Ela cometeu erros, especialmente neste segundo mandato. Isolou-se, fechou a porta para o diálogo” —, mas lembra que esses erros não apagam as conquistas alcançadas pela maioria da população ao longo dos 13 anos de governos petistas. Ele citou o ex-ministro Mangabeira Unger, professor, catedrático da Universidade de Harvard, ex-professor do presidente americano Barack Obama: “Criou-se uma onda no Brasil. Embrulhamos o ódio e a frustração no manto do moralismo, do combate à corrupção”.

Para Viana, a solução mais eficaz contra a corrupção é acabar com a relação promíscua entre partidos políticos e empresas, proibindo as doações de pessoas jurídicas às agremiações políticas e às campanhas eleitorais. Mas são exatamente Cunha e seus aliados que se rebelam contra essa medida — aprovada no Senado a partir de uma comissão presidida exatamente por Jorge Viana e em vigor para as eleições de 2016. São Cunha e seus aliados os patronos de uma proposta restabelecendo as contribuições de empresas às campanhas.

“O que querem os liderados de Cunha? O que esperam eles na Presidência da República? Certamente, dar um basta ao processo que o Brasil inicia de combate a essa relação promíscua entre partidos políticos, financiamento de campanha e dinheiro empresarial que vem por empresas”, alertou o senador.

Ainda lembrando Mangabeira Unger, Jorge Viana acredita que passada a “onda de ódio e frustração embrulhada no manto da moralidade”, o que vai restar é “o gosto amargo na boca”, já que o Brasil não será construído por atalhos.

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