Humberto: é uma “situação surreal”Enquanto integrantes da oposição se contorcem na retórica que tenta justificar o injustificável, o País aguarda em suspense pela decisão que será tomada pela Câmara dos Deputados, no domingo, sob o comando de um réu no STF, sobre um pedido de impeachment fundamentado nas chamadas “pedaladas fiscais” e nos decretos de suplementação orçamentária assinados pela presidenta da República e por seu vice. “É uma situação surreal”, definiu o líder do governo no Senado, Humberto Costa (PT-PE), da tribuna do Senado, nesta sexta-feira, confiante de que mesmo com tanta manobra e esforço para o golpe, ele não irá se concretizar.
Humberto resumiu o absurdo da situação que também tem impressionado os principais jornais estrangeiros: de um lado, tem-se a Câmara com vários deputados respondendo a processos judiciais pelos mais variados crimes, outros sob investigação, e o presidente daquela Casa, sobre quem foram feitas denúncias absolutamente escabrosas, “inclusive com provas da existência de contas pessoais no exterior abastecidas por recursos de corrupção”. Do outro, continuou o líder, “uma mulher contra a qual não há qualquer denúncia, nenhum inquérito que a acuse de corrupção, e que, mesmo assim, está para ser julgada por aqueles que têm contra si todas essas acusações”.
A preocupação de Humberto vai além da tensa espera pela votação de domingo. Ele teme outro efeito danoso provocado pelo quadro político: a banalização do instrumento do impeachment, que pode levar à pior pena que um presidente, governador ou prefeito pode receber. “Um instrumento com a gravidade do impeachment está sendo acionado sem seguir o que está escrito na Constituição”, afirmou, lembrando o mais recente argumento dos golpistas – a de que Dilma merece ser cassada “pelo conjunto da obra”.
O líder do governo lembra que esse tipo de pensamento não traz qualquer benefício para o país, apenas desvirtua o debate, pois, porque “na verdade, o que está em discussão são tão somente as pedaladas e os decretos orçamentários de 2015, de 2014, de contas que sequer foram analisadas pelo Congresso, que é quem pode dizer se essas contas são regulares ou não”.
Não à toa, ressaltou Humberto, o mais importante jornal dos EUA, o The New York Times voltou a criticar duramente a possibilidade de afastamento da presidenta, afirmando que Dilma está “sendo julgada por uma gangue”. Um julgamento patrocinado por figuras que, atuando unidas, caracterizam efetivamente esse substantivo utilizado pelo jornal americano. A partir de agora, se um presidente não goza de popularidade, se um presidente cometeu irregularidades administrativas, bastam dois terços da Câmara para revogar a vontade de milhões de brasileiros, expressa nas urnas, alertou o senador.
“O mais grave é ver os derrotados nas eleições de 2014, inconformados com a decisão do povo brasileiro, usarem o atalho do desrespeito à Constituição para tentarem ascender ao poder”. Humberto ressalta, porém, que povo brasileiro sabe que o que está sendo feito é um golpe de Estado. “Um golpe parlamentar que desrespeita a vontade das urnas, para colocar no poder alguém que não tem o voto da população. Assumam que é um golpe. Assumam que não há razão para a presidenta Dilma ser afastada do cargo. Assumam que não têm apreço pela democracia neste País!”
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