Regina: “Quem está sendo acusado de corrupção é o vice-presidente, que quer assumir o poder na marra”A senadora Regina Sousa (PT-PI) disse, nesta quarta-feira (27), em plenário, que tem percebido como a palavra golpe incomoda dentro e fora do Congresso, quando usada em referência ao processo de impeachment da presidenta Dilma. Para ela, esse incômodo crescente com veio após a imprensa e os organismos internacionais começarem a prestar atenção ao que está acontecendo no Brasil.
Por mais que os defensores do impeachment preferissem o eufemismo, porém, não há como tergiversar, diz a senadora: “Como não chamar de golpe algo que está sendo gestado desde 15 de abril do ano passado?”
Regina fez referência a matéria veiculada no jornal O Estado de S. Paulo, que descreve a instalação de um “bunker na casa do deputado Heráclito Fortes” para montar a trama do impeachment. “Ela mal tinha tomado posse. Instalou-se um bunker na casa do deputado Heráclito Fortes em 15 de abril do ano passado. Chamou de ‘jantar laboratório do impeachment”, alertou.
Segundo o jornal, o grupo conspirador, um núcleo de oito pessoas, mantinha reuniões semanais, além de receber aulas de “estratégia” de como fazer o impeachment, ministradas pelo ex-ministro Nelson Jobim. Outros palestrantes convidados foram o ex-presidente do Banco Central, Armínio Fraga, e o senador José Serra. O vice-presidente Michel temer também era frequentador da escolinha.
“O que ia fazer lá um vice-presidente da República senão conspirar?”, questionou Regina. “Agora fica mais claro o motivo do pavor, do incômodo com a palavra golpe”, emendou.
Para a senadora os cidadãos que foram para as ruas comemorar a aprovação da admissibilidade do processo de impeachment contra a Dilma na Câmara estão começando a se dar conta do que fizeram.
“Estavam indo para a rua achando que combatiam a corrupção, só que a Dilma não está sendo acusada de corrupção. Então, de corrupção está sendo acusado o vice-presidente, que quer assumir o poder na marra”, disse.
Regina ainda apontou a existência de um componente de preconceito contra a presidenta no andamento do processo golpista que ficou explícito como nos casos em que placas com a inscrição “Vai, querida” foram ostentados por deputados golpistas. “Se fosse um homem na presidência da República, duvido que alguma dessas coisas tivesse acontecido”, resumiu.
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