Segundo Suplicy, o artigo que narra a história |
Os 105 de Filomena Matarazzo Suplicy, comemorados nesta terça-feira (24) foram homenageados por seu filho, senador Eduardo Suplicy (PT-SP), em pronunciamento ao Plenário. Ele lembrou a trajetória de Filomena, descendente de uma família paulista quatrocentona e neta do conde italiano, o industrial Francesco Matarazzo. Ela teve 11 filhos e 170 descendentes.
Suplicy leu um artigo da jornalista Monica Dallari, publicado na última segunda-feira, na Folha de São Paulo, que narra a história de sua mãe, “que se mistura com a história de São Paulo”.
Veja a íntegra do artigo de Monica Dallari:
Uma bonita história de 105 anos
Filomena Matarazzo Suplicy completa 105 anos com uma bonita trajetória de vida, que se mistura com a história de São Paulo.
Neta do Conde Francesco Matarazzo, empresário italiano criador do maior complexo industrial da América Latina, as Indústrias Reunidas Fábricas Matarazzo, Filomena nasceu na avenida Paulista, em 1908. É filha de Amália Cintra Ferreira, uma das fundadoras da Liga das Senhoras Católicas, e do segundo filho do conde Francesco, Andrea, além de mãe do senador Eduardo Matarazzo Suplicy.
Cresceu numa época em que ser Matarazzo era sinônimo de poder e riqueza. O casamento de Amália e Andrea, em 1906, foi um dos primeiros na elite paulista entre um imigrante italiano e uma representante da aristocracia cafeeira.
Filomena teve uma educação rígida e refinada. As viagens à Europa a impediram de frequentar a escola. Ela e a irmã recebiam aulas
Adquiriu do pai o hábito de caminhar depois do jantar pela elegante avenida Paulista. Quem não anda desanda, ensinava Andrea. Filomena era uma das poucas pessoas com permissão para frequentar a mansão do avô Francesco. Tinha uma relação próxima com a avó Filomena, que, apesar de muito simples, vivia isolada pelo seu status social.
Anos mais tarde, quando o conde rompeu com o filho Andrea por ele ter se recusado a assinar o testamento que deixava metade dos bens para apenas um dos 13 irmãos, a neta continuou a frequentar a mansão.
Filomena era proibida de entrar na cozinha, chefiada por homens trazidos da Itália. Às quintas-feiras, na companhia dos cinco irmãos, ia de charrete ao trabalho do pai, no Moinho Matarazzo, no Brás. As crianças almoçavam macarrão ao lado de centenas de funcionários. Aos domingos, ocupavam a frisa reservada no Cine República. Depois, a família seguia para a casa da avó Cintra Ferreira, onde primos e tios tocavam modas brasileiras.
Até hoje, Filomena gosta de cantar, especialmente as músicas interpretadas pela cunhada e amiga Maysa. Nas férias, viajava para Santos, mas apreciava mesmo ir à Europa. Passava longas temporadas visitando a família Matarazzo na Itália e frequentando atividades culturais em Paris, sua cidade favorita.
Casou-se pela primeira vez aos 19 anos, após três meses de namoro. Teve o primeiro filho e, grávida do segundo, ficou viúva aos 21. Assim que soube do ocorrido, Paulo Cochrane Suplicy, um importante corretor de café, viu que chegara seu momento.
Ele havia se apaixonado por ela ainda solteira, quando a viu pela primeira vez no porto de Santos. Naquele dia, ao chegar em casa, avisou a mãe: Hoje conheci a moça com quem vou me casar. A resposta foi desoladora. Filomena era filha de conde e só se casaria com um príncipe. Aos 25 anos, ela se casou com Paulo, e tiveram nove filhos.
Seu principal legado são os valores cristãos, o exemplo de dedicação à família e o respeito a todo e qualquer ser humano.
No dia 24 de setembro, os mais de 170 descendentes comemoram o aniversário de Filomena Matarazzo Suplicy com a certeza de que a vida dela valeu muito.