Indignada, Marta reage à declaração de Bolsonaro

Indignada, Marta reage à declaração de Bolsonaro

A vice-presidente do Senado, Marta Suplicy (PT-SP), reagiu, na tarde desta quinta-feira, (24/11) ao deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ) que, em discurso na Câmara dos Deputados, questionou a sexualidade da presidenta da República, Dilma Rousseff. Ela cobrou “providências enérgicas” do presidente da Câmara dos Deputados, Marco Maia (PT-RS), contra o que considerou “quebra de decoro parlamentar”.

“Eu não sei nem o que dizer de tão absurdo”, desabafou a senadora. Ela lembrou que Bolsonaro é reincidente em declarações preconceituosas. “Além de repetir, ele deu um passo além. Como mãe, mulher, senadora e vice-presidenta desta Casa, peço ao presidente Marco Maia tome providência enérgica. É preciso dar um freio de arrumação, houve falta de decoro parlamentar. Ele tem ofendidos pessoas, cidadãos comuns e, agora, a própria presidenta da República”, enfatizou. 

Marta explicou que não considera ofensivo referir-se a alguém como homossexual, mas lembrou que a orientação sexual “é uma questão de foro íntimo das pessoas”.

Em entrevista após o protesto feito em plenário, Marta Suplicy reclamou do “retrocesso” que ocorre no País atualmente em relação aos direitos dos homossecuais.

“Vemos hoje um retrocesso no Brasil. Enquanto há 16 anos, quando eu fiz o projeto da união estável, a Argentina era um país extremamente conservador. Hoje, a Argentina tem casamento gay e nós temos espancamentos na Avenida Paulista. Esse retrocesso, essa radicalização que vemos hoje, acredito que não faz bem para a população brasileira”.

Ouça a entrevista da senadora Marta Suplicy

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Leia a íntegra do protesto da senadora
Eu quero registrar aqui uma notícia que chegou da Câmara. Pela indignidade do pronunciamento e pelo absurdo, eu gostaria de deixar aqui… Eu não sei nem o que dizer de tão absurdo que é isto. É um discurso do Deputado Jair Bolsonaro, que, da tribuna da Câmara, nesta quinta-feira, além de repetir as tradicionais críticas às políticas pró-homossexuais do Governo, deu um passo além, desta vez: questionou a sexualidade da presidente da República, dizendo: “Dilma Rousseff, pare de mentir! Se gosta de homossexual, assuma! Se o seu negócio é amor com homossexual, assuma, mas não deixe que essa covardia entre nas escolas do primeiro grau!”.
O Deputado Alfredo Sirkis, do PV, do Rio de Janeiro, discursou em seguida, reprovando a postura de Bolsonaro:

O que nós ouvimos aqui hoje foi um discurso que, se entendi direito, faltou com o decoro parlamentar ao fazer insinuações a respeito da própria Presidente da República, quando acho que a opção sexual de qualquer ser humano, Deputado, é uma questão de foro íntimo desse mesmo ser.

Como mulher, como cidadã, como mãe, como Senadora, como Vice-Presidente desta Casa, pedimos ao Presidente da Câmara, Deputado Marco Maia que tome enérgicas providências e limite o que vem acontecendo, porque está sem freio a falta de decoro parlamentar desse Deputado, que tem ofendido pessoas, cidadãos comuns e, agora, até a própria Presidenta da República. E não é que tenha ofendido por tê-la chamado de homossexual, mas por estar falando algo que é de foro íntimo de uma pessoa, seja Presidente da República ou quem quer que seja. Ele tem ofendido várias pessoas reiteradas vezes.
E o sentido que deu a essa fala, pela Presidenta da República ser uma pessoa que tem se posicionado nessa luta pela conquista de direitos dos homossexuais, está muito além da conta. Uma coisa é você se posicionar, se colocar, outra coisa é ir além do que é o respeito a qualquer cidadão e, principalmente, a uma mulher que hoje ocupa a Presidência da República.

Veja a declaração do deputado Jair Bolsonaro

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