O Banco Central (BC) terá mais informações para fiscalizar o risco das operações de crédito e as instituições financeiras vão conhecer melhor o perfil dos clientes com as mudanças anunciadas na segunda-feira (12/12) no Sistema de Informações de Crédito (SCR). A avaliação é do diretor de Fiscalização do BC, Anthero Meirelles, que explicou os detalhes da ampliação da base de dados do sistema. Uma das vantagens apontadas pelo diretor é que o bom pagador poderá ter acesso a taxas de juros mais baixas porque, na avaliação de risco, haverá mais informações sobre o perfil dos clientes.
A partir de 30 de abril, haverá a mudança mais significativa: o SCR terá a identificação dos clientes com operações totais acima de R$ 1 mil por instituição financeira. Atualmente, essas informações são fornecidas para operações iguais ou superiores a R$ 5 mil.
No caso das cooperativas e das sociedades de crédito ao microempreendedor e às empresas de pequeno porte, o prazo para envio das informações (das operações acima de R$ 1 mil) é julho de 2012. De acordo com Meirelles, as mudanças ajudam também a monitorar o segmento específico de cooperativas de crédito, financeiras e sociedades de arrendamento mercantil (leasing).
A partir dessas datas, as instituições terão que enviar ao sistema tanto as informações do estoque como as referentes a novas operações de crédito.
Com a redução do limite, serão incluídos no sistema R$ 159 bilhões de créditos identificados. Desse total, 90% são de crédito a pessoas físicas. Em número de operações, serão mais 151 milhões. Em outubro de 2011, o sistema contava com R$ 1,722 bilhão, do total de 131 milhões de operações de crédito envolvendo valores acima de R$ 5 mil.
Antes, a partir de 31 de janeiro, o BC vai ampliar a base de dados do SCR. O sistema terá mais detalhes sobre as operações de crédito, como renda das pessoas físicas, faturamento das empresas e informações dos fundos de investimento de direitos creditórios.
Segundo o diretor, o acréscimo de informações também vai evitar que um bem seja dado como garantia de mais de um empréstimo, uma vez que será possível cruzar informações de diferentes instituições financeiras. O BC também terá mais dados sobre a venda de carteiras de crédito entre essas instituições.
A mudança no sistema pode ajudar a fiscalização do BC e evitar que haja irregularidades na venda de carteiras de crédito, como ocorreu no caso do Banco PanAmericano, que teve problemas descobertos no ano passado. De acordo com o diretor, as mudanças no SCR “aprimoram o processo de supervisão e reduzem o espaço de operações como aquela [do PanAmericano]”.
De acordo com Meirelles, com mais acesso da população ao crédito e a outros produtos financeiros, as operações de crédito abaixo de R$ 5 mil ganharam importância. Segundo ele, é fundamental monitorar essas operações de pequeno valor enquanto não representem risco sistêmico. “É uma preocupação proativa”.
Agência Brasil