Os números são alarmantes: o desemprego no País saltou de 11,8%, em dezembro, para 12,2% no último janeiro. “O remédio aplicado pela política de Temer está errado. A austeridade econômica que está levando o Brasil, depois dessa longa recessão, a esse processo de estagnação”, lamenta o líder do PT no Senado, Lindbergh Farias (RJ), lembrando que não basta a propaganda oficial e da Rede Globo para mudar um cenário desalentador.
No País das desigualdades, a crise também não é a mesma para todos. “Para os ricos não há recessão”, lembra Lindbergh. Entre 2014 e 2016, a renda das pessoas que ganham mais de 160 salários mínimos por mês aumentou 2,2% em termos reais. Enquanto as micros e as pequenas empresas — o setor que mais emprega — enfrentam a quebradeira, o Banco Itaú fechou 2017 com um lucro líquido de R$24 bilhões, um aumento de 10% em relação a 2016.
Bom só para os ricos
É um cenário cor-de-rosa muito distante da realidade da maioria da população: os 40% mais pobres entre os brasileiros caíram de 14% para 12,7% da massa salarial. “E é por isso que maldades de Temer como a de descontar o salário mínimo do trabalhador – ele deu um aumento menor ao salário mínimo do que permitia a lei – têm um efeito perverso, de aumentar a desigualdade neste momento que a gente está vivendo”.
Lindbergh alerta que a destruição das bases do desenvolvimento — desmonte do papel dos bancos públicos, entrega das estatais, quebra da política de conteúdo local na cadeia de petróleo e gás e a omissão do governo de seu papel de investidor e fomentados da economia — não autoriza qualquer otimismo quanto à reversão da crise.
Destruição da economia
O senador cita o exemplo de estado, o Rio de Janeiro, que escalou de 6,2% de desemprego (500 mil pessoas desempregadas) em 2014 para 14,9% (1,2 milhão de desempregados) neste início de 2018. “E o governo alega que a situação melhorou em 2017. Só que o que cresceu foi o emprego sem carteira assinada e o emprego por conta própria, com as pessoas se virando, porque foram 700 mil empregos com carteira assinada perdidos em 2017”.
A economia do Rio de Janeiro dependia fortemente da indústria naval e a indústria ligada ao petróleo e ao gás, com grande presença da Petrobras. “O que a indústria automobilística é para São Paulo, a indústria naval é para o Rio de Janeiro. Por isso o presidente Lula decidiu produzir lá os navios, plataformas e sondas e criou a lei que obrigava as empresas de petróleo a contratarem esses equipamentos aqui no Brasil”. O resultado, lembra o senador, foi o renascimento da indústria naval no Rio de Janeiro e no Rio Grande do Sul.
Com o desmonte da Petrobras promovido desde o processo do golpe parlamentar, os gaúchos perderam 50 mil empregos no setor naval e o Rio de Janeiro viu o Estaleiro Mauá minguar de 6 mil trabalhadores para 100 trabalhadores, a Brasfels, em Angra, de 10 mil trabalhadores para pouco mais de 1.000, o Estaleiro Eisa, que tinha 3 mil empregados, hoje não tem nenhum. “E vários fecharam. “Estão matando a economia do Rio”.
Austeridade destruidora
Além de desmontar a política de conteúdo local — chegando a dar isenção tributária para quem trouxer equipamentos do exterior — o governo Temer impôs um arrocho inédito nos investimentos sociais. A Emenda Constitucional 95, oriunda da “PEC da Morte”, determina cortes profundos ao longo de 20 anos. Só para citar o exemplo da segurança pública, que é o tema mais candente nos noticiários sobre o Rio, atualmente: o orçamento de 2016 para o setor era de R$6,1 bi. Em 2018, R$3,9 bi, com um contingenciamento de R$1 bi.
“É uma política de austeridade destruidora, que está aumentando a fome no País, vai piorar a educação e a saúde pública no País, vai piorar os números da violência no País, porque está retirando Estado. Era como se este Estado agora só tivesse uma finalidade, que é o de transferir recursos para os rentistas, que ganham dinheiro aplicando em títulos da dívida pública”, concluiu o senador Lindbergh.