O Brasil é uma das poucas nações do mundo que está conseguindo, com êxito, enfrentar a crise financeira mundial unindo crescimento da economia, geração de empregos com a melhoria da renda. Enquanto outros países, como os Estados Unidos e alguns da Europa dão sinais de ligeira recuperação, o resultado é atribuído à redução dos salários e de benefícios sociais, o que não ocorre no País. Essa observação foi feita no começo da tarde desta terça-feira (13/03) pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, ao participar de audiência pública realizada pela Comissão de Assuntos Econômicos do Senado (CAE).
“Ao gerar 1,9 milhão de empregos formais em 2011, o Brasil pouco a pouco se aproxima do pleno emprego, mas temos que continuar investindo em infraestrutrura nos portos, aeroportos e estradas para atender o crescimento econômico”, afirmou o ministro.
O que está ocorrendo nas economias mais desenvolvidas, para que saiam da crise, segundo o ministro, é um ataque aos gastos fiscais, ou seja, redução dos gastos dos países com programas sociais e, principalmente, a redução dos salários. Mantega citou como exemplo o caso da indústria automobilística norte-americana onde se verificou uma queda de US$ 25 por hora de trabalho para US$ 15 nos novos empregos.
O que difere o Brasil de outros países, ainda segundo Mantega, é o fato de que programas sociais como o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), Minha Casa Minha Vida ou o Brasil Sem Miséria alavancam o desenvolvimento econômico e social.
Indústria de manufaturados
O ministro Mantega reconheceu que o setor de manufaturados está estagnado desde o início da crise financeira mundial em 2008, principalmente no Brasil. Para reverter esta situação, o ministro afirmou que o governo prepara um conjunto de medidas para alavancar esse segmento. Uma das medidas será a desoneração da folha de salários – hoje uma empresa recolhe 20% do salário dos funcionários para contribuir para o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) -, permitindo que os custos trabalhistas fiquem menores e haja investimentos na produção, para ampliar a competitividade.
Para este ano, a previsão dos organismos internacionais é de que a economia terá um crescimento modesto e menor do que os 5% verificados em 2010. O Brasil, segundo Mantega, desfruta de uma posição confortável em diversos aspectos, seja na obtenção de um superávit primário de 3,1% do PIB (receita maior que os gastos), seja a dívida líquida do setor público que manterá sua trajetória de queda– hoje está em 36% do PIB. Além disso, a inflação sob controle e as reservas internacionais acima de US$ 350 bilhões garantem uma segurança ao governo brasileiro.
Para 2012, o desafio do País será manter os investimentos em infraestrutura, o mercado interno, que adiciona cada vez mais brasileiros ao consumo de massa – ; a oferta de crédito, os programas sociais de inclusão social, a solidez fiscal; a estabilidade da moeda e o mercado externo.
“Com um movimento na balança comercial que já atinge US$ 500 bilhões por ano entre o que se exporta e o que se importa, é fundamental investir em infraestrutura dos portos e aeroportos e, inclusive, na educação, para atender esse desempenho”, afirmou. O ministro acrescentou que para o Brasil manter o crescimento e a competitividade no mercado externo o Congresso Nacional dará sua contribuição ao aprovar medidas relacionadas à desoneração da folha, que diminuirá os custos financeiros das empresas; do ICMS interestadual e do ICMS dos produtos importados, que visam reduzir a guerra fiscal entre os estados; do Fundo de Previdência Complementar dos Servidores Públicos e o Plano Nacional de Banda Larga (PNBL).
Marcello Antunes
Confira a apresentação do ministro da Fazenda, Guido Mantega