O recuo da produção industrial do país em 2001 em função do péssimo desempenho da economia mundial levou o governo da presidenta Dilma Rousseff a tomar medidas para recolocar a economia brasileira no caminho do desenvolvimento, de tal forma que neste ano de 2012 o PIB possa alcançar taxas em torno dos 4,5% de crescimento.
O mais importante insumo para a manutenção de taxas de crescimento econômico que garantam a expansão do emprego e da renda, que alimentam o consumo, é sem dúvida alguma a redução da taxa de juros. Sua queda contribui para sustentar em bases sólidas o consumo das famílias, principal motor da economia brasileira nos últimos anos.
O primeiro grande passo para a retomada do crescimento foi dado na semana passada pelo Copom (Conselho de Política Monetária), quando reduziu de 10,5% para 9,75% ao ano a taxa básica de juros da economia brasileira. Esse corte de 0,75 da Selic, no entanto, só contribuirá para o crescimento se chegar rapidamente ao financiamento do consumo.
Para que isso ocorra, se faz necessário que o sistema financeiro como um todo acompanhe a decisão do Banco Central e promova também cortes substanciais nas taxas que praticam no mercado. De tão elevadas, já não conseguem acompanhar os cortes da Selic e se mostram incompatíveis com qualquer estímulo ao consumo, contribuindo, assim, para desacelerar o principal motor do crescimento da economia brasileira.
Logo após a divulgação da redução da Selic de 10,5% para 9,75%, o Banco do Brasil apressou-se a anunciar uma diminuição dos juros que pratica em suas operações de crédito para pessoas físicas e jurídicas.
Informou que reduziu de 2,31% para 2,27% ao mês a taxa do Crédito Benefício; de 3,35% para 3,31% do BB Crediário; de 2,30% para 2,26% para a compra de material de construção; e de 1,32% para 1,29% para aquisição de veículos por pessoas físicas.
No caso de empresas, as reduções anunciadas são de 1,62% para 1,60% ao mês no BB Giro APL e no BB Giro Saúde; e de 2,17% para 2,14% na modalidade Capital de Giro Mix Pasep.
Anualizados, os cortes nas taxas do BB são muito modestos em relação à Selic. Para um corte de 0,75% da Selic, o BB reduziu em 0,48% a taxa do Crédito Benefício, do BB Crediário e do crédito para compra de material de construção, e em apenas 0,36% a taxa para o financiamento de veículos para pessoas físicas e para o BB Giro Saúde. No Giro para empresas o corte foi de 0,24%, um terço da redução da taxa básica de juros.
Esses percentuais se tornam ainda mais dramáticos se formos considerar as taxas de juros para o financiamento dos cartões de crédito e do cheque especial, que chegam a 240% ao ano, em média 25 vezes maiores que a Selic.
Como principal banco do país, o BB poderia ofertar reduções mais substanciais de suas taxas de juros. Regulador do mercado, se pelo menos acompanhar nas taxas que pratica os mesmos cortes da Selic, o BB poderia puxar para baixo as taxas cobradas pelo resto do sistema bancário. E, com isso, dar sua parcela de contribuição para um crescimento maior da economia.
Artigo publicado no site http://congressoemfoco.uol.com.br