Há apenas seis dias do pleito eleitoral de 2018, Sérgio Moro, decidiu nessa segunda-feira (1º) retirar o sigilo da delação premiada de Antônio Palocci, acertada em abril com a Polícia Federal. Sem apresentar nenhuma prova, a colaboração foi realizada por um delator encarcerado e sob pressão, que busca garantir sua liberdade e partes dos proventos da corrupção à qualquer custo.
Palocci iniciou as tentativas de oferecer uma colaboração premiada em meados de julho de 2017, com o Ministério Público, mas o acordo não avançou. Mais tarde ele passou a negociar com a Polícia Federal, com quem manteve tratativas por vários meses até que os termos fossem aceitos.
Em entrevista concedida à Folha de S. Paulo no final de julho, o jurista Carlos Fernando Lima, procurador da Lava Jato, explica em detalhes que a delação de Palocci, na opinião do Ministério Público, não é válida por falta de provas. Mais do que isso, ele indica que a Polícia Federal firmou o acordo apenas para provar que tinha poder para tanto.
O procurador trouxe o exemplo da delação de Palocci para mostrar como o instituto da delação premiada pode ser prejudicado pelo seu mau uso.
“Vou dar o exemplo também do acordo do [Antônio] Palocci, celebrado pela PF depois que o Ministério Público recusou. Demoramos meses negociando. Não tinha provas suficientes. Não tinha bons caminhos investigativos. Fora isso, qual era a expectativa? De algo, como diz a mídia, do fim do mundo. Está mais para o acordo do fim da picada. Essas expectativas não vão se revelar verdadeiras. O instituto é o problema? Eu acho que a PF fez esse acordo para provar que tinha poder de fazer”, disse.