A senadora Marta Suplicy (PT-SP) elogiou a legislação que institui as diretrizes da política nacional de mobilidade urbana (Lei 12.587/2012), que entrou em vigor na última sexta-feira (13/04). Ao fazer um paralelo com o drama vivido cotidianamente no trânsito pelos paulistanos e paulistas, Marta fez duras criticas às gestões administrativas. Segundo ela, opta-se por fazer um discurso “agradável à classe média”, enquanto estado e prefeitura são omissos em relação à política de transportes públicos. “O transporte, na minha cidade, foi algo que ficou para trás”, disse.
Marta Suplicy criticou duramente o sistema de mobilidade de São Paulo. Para a senadora, o metrô e o monotrilho – soluções apresentadas pelo governo estadual e a prefeitura – são ineficientes porque o primeiro não possui investimentos suficientes e o segundo tem capacidade pequena.
“O metrô de São Paulo tem batido recorde histórico de superlotação, 4.150.000 passageiros em um único dia, em todas as linhas do metrô. Trens da CPTM batem recordes de passageiros. O sistema atingiu a marca de 2,5 milhões de pessoas em um único dia da semana passada. E as linhas estão sofrendo com superlotação. A principal solução para os congestionamentos continua sendo a construção dos corredores de ônibus”, disse Marta Suplicy.
Para ela, tanto a prefeitura quanto o governo do estado mantém o discurso “agradável à classe média”, mas não dispõem de uma política de transportes públicos. Além disso, criticou o preço dos transportes. “A tarifa de R$ 3 é a maior do país e uma das mais altas do mundo”, declarou, salientando que, pelo tempo perdido no transporte e pelo desconforto de viajar com superlotação, a classe média prefere usar carros, o que só piora o trânsito de São Paulo.
Acessibilidade e mobilidade
Na visão da parlamentar, a norma acerta ao valorizar a acessibilidade e a mobilidade das pessoas e rever o transporte de cargas nos municípios, além de integrar os diferentes modos de transporte do País e de prever investimentos de R$ 32 bilhões no setor. “A lei dá prioridade para os meios de transportes não motorizados e ao serviço público coletivo. Quer dizer, valoriza a calçada, a ciclovia, a integração do automóvel ao sistema de mobilidade sustentável”, afirmou, destacando que os estados que se preparam para a Copa do Mundo de 2014 contarão com recursos para investir em mobilidade urbana.
A nova legislação prevê mudanças para melhorar a mobilidade urbana e obriga os municípios com mais de 20 mil habitantes a elaborar planos para a circulação dos habitantes no prazo máximo de três anos – antes a exigência era apenas para as cidades com mais de 500 mil habitantes. Marta Suplicy disse que a população precisa pressionar as prefeituras para que elaborem os planos de mobilidade urbana exigidos pela lei e assim tenham direitos aos repasses da União também previstos na norma.
A senadora também lembrou o Seminário Internacional “Mobilidade na Metrópole: planejamento e gestão democráticos”, realizado pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) e pelo Observatório das Metrópoles na segunda-feira (16). No encontro, estudiosos debateram a escolha da classe média de não usar ônibus porque o custo de tempo e de dinheiro acaba igual ou até maior que o do transporte privado.
“É necessário mudar os paradigmas e a competição econômica. Precisamos pensar em termos de rede, flexibilidade e complementariedade”, sugeriu.
Com Agência Senado