A imagem do dia é a mesma do dia 7 de abril de 2018. A disposição da militância também. Mas se há um ano e sete meses a mobilização queria impedir a prisão política, neste sábado, 9 de novembro de 2019, ela queria abraçar o melhor presidente da história do Brasil. Luiz Inácio Lula da Silva mais uma vez transformou o entorno do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, em São Bernardo do Campo (SP), no centro da resistência popular.
Novamente nos braços do povo, o ex-presidente fez um discurso histórico em que revela gratidão a todos que lutaram pela sua liberdade, e indignação pela implacável perseguição política de que é alvo. “Queridos companheiros, queridas companheiras, vocês não tem dimensão do que significa o dia de hoje para mim. Lá em cima tá o helicóptero da Rede Globo de Televisão para falar merda outra vez sobre o Lula e sobre nós”, provocou.
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Antes do histórico discurso, no entanto, coube a presidenta nacional do PT, Gleisi Hoffmann, dar as boas-vindas ao ex-presidente e à militância. “Companheiros e companheiras, que alegria estar aqui com vocês hoje. Há um ano e sete meses, nós estávamos nesse sindicato, e vocês estavam aqui, firmes e fortes, e nós dissemos que resistiríamos e que traríamos Lula de volta. Lula voltou! A luta de Lula é a luta do povo brasileiro, é a luta do Brasil por liberdade e justiça. E é uma felicidade imensa ver vocês aqui hoje, irmanados nessa solidariedade e nessa energia”, disse Gleisi.
Ao pegar o microfone, Lula fez questão de reafirmar sua luta pela inocência. “Vocês sabem que muitos de vocês não queriam que eu fosse preso no dia 7 de abril. Eu lembro que precisei persuadir vocês a compreenderem o papel que eu tinha que cumprir. Quando um ser humano, um homem ou uma mulher, tem clareza do que eles representam e tem clareza que os seus algozes, os seus acusadores, estão mentindo,eu tomei a decisão de ir lá para a Polícia Federal. Eu tomei a decisão porque queria provar que o Moro não era um juiz, era um canalha. Eu precisava provar que o Dallagnol não representava o Ministério Púbico, que é uma instituição séria”, destacou.
Resistência popular
O ex-presidente também convocou o povo brasileiro a resistir aos ataques aos direitos dos trabalhadores no governo de Jair Bolsonaro (PSL). Para Lula, é preciso uma mobilização constante. “Não tem ninguém que conserte esse país, se vocês não quiserem consertar. Não adianta ficar com medo das ameaças que ele faz na tevê, que vai ter miliciano, que vai ter AI-5. A gente que ter a seguinte decisão: esse país é de 210 milhões de habitantes e não podemos permitir que os milicianos acabem com esse país que construímos”, desafiou.
Lula também escancarou o caráter golpista e entreguista do governo atual. “O que vejo é que o povo ficou mais pobre, com menos saúde, menos casa, menos emprego. Mais de 40 milhões, 50% da população está ganhando R$ 413 por mês. Seria importante que ele fizesse o que vocês fazem: pegar R$ 413 e sustentar a família, pagar transporte para trabalhar. Queria que ele fosse pro médico, comprar remédio. Eu acho que não tem outro jeito”, disse o ex-presidente que também criticou o desrespeito de Bolsonaro com mulheres, negros, LGBTs e com as pessoas mais frágeis da sociedade.
Para Lula, Bolsonaro e Guedes só servem aos interesses do capital estrangeiro e das elites “Quero que eles expliquem por que querem destruir a nossa Petronbras, o BNDES, o Banco do Brasil e a Caixa Econômica? Quero saber porque esse cidadão que se aposentou muito jovem quis tirar aposentadoria do povo brasileiro. Quero saber porque esse cidadão que nunca ganhou salário mínimo quer congelar o salário, que nunca teve a carteira profissional azul quer criar a carteira verde amarela que vai ter empregos intermitentes. Não vai ter registro em carteira. Eles estão apresentando um projeto econômico que vai empobrecer cada vez mais a sociedade brasileira”.
Além de convocar o povo para a mobilização, Lula lembrou da importância da união dos partidos, movimentos sociais e sindicais. “Um povo como vocês não depende de uma pessoa, dependem do coletivo. Cassaram Lula e [Fernando] Haddad quase é eleito presidente da República. Tenho certeza de que se a gente tiver juízo, se souber trabalhar direitinho, em 2022 a esquerda, que Bolsonaro tem tanto medo, vai derrubar a ultradireita. Esse país não merece o governo que tem. Não merece um governo de um presidente que manda os filhos todos os dias contar mentiras, através das fake news”.
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Gratidão pela solidariedade
Se no início do seu discurso Lula fez questão de desafiar o desgoverno de Bolsonaro, ao fim ele deixou a principal mensagem da tarde deste sábado (9), que é a gratidão pela solidariedade de todos. “Gente eu na verdade gostaria de dar um beijo e um abraço em cada um de vocês aqui. Eu quero construir um país com a mesma alegria que nós construímos quando governamos. Eu to com mais coragem de lutar do quando eu tava quando eu sai daqui. Lutar para recuperar o orgulho da gente ser brasileiro”, exaltou Lula que prosseguiu agradecendo todos os partidos, centrais sindicais e movimentos sociais como MST e o MTST:
“Quero agradecer do fundo do coração a solidariedade do PSOL, companheiro Freixo, companheiro Boulos. Quero agradecer a solidariedade do Partido Comunista do Brasil através da companheira Luciana. Quero agradecer a UNE, e a UJS que estão aqui, e a UBES também. Quero agradecer não só a presidenta Gleisi, mas também a bancada de deputados e senadores do PT. Quero agradecer aos sindicalistas e todos que estão aqui”, disse o ex-presidente que também fez questão de lembrar dos advogados Cristiano Zanin Martins e Valeska Teixeira Martins.
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Por Erick Julio da Agência PT de Notícias, em São Bernardo do Campo