Em vez de uma convocação para comparecer à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI), que investiga as ramificações do esquema Cachoeira nas esferas pública e privada, o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, vai receber seis perguntas sobre seu procedimento em relação às operações Vegas e Monte Carlo.
O plenário da CPMI aprovou, nesta terça-feira (15/05), requerimento que solicita respostas, por escrito a três perguntas sobre cada uma das operações. Os parlamentares querem saber em que circunstâncias os inquéritos foram entregues, em que data e quais providências foram tomadas à época em que as informações chegaram à Procuradoria Geral da República. Gurgel terá cindo dias para dar as respostas.
A proposta de reunir em um único requerimento todos os pedidos de informação ao procurador e sua esposa, a subprocuradora Cláudia Sampaio, foi apresentada pelo relator da CPMI, deputado Odair Cunha (PT-MG). A ideia motivou um acalorado debate, alguns bate-bocas e protestos. No final, porém, prevaleceu a tese.
Embora considere que as últimas declarações de Gurgel, refutando a possibilidade de ir à CPMI, e de sua esposa, negando o congelamento dos inquéritos, tenham sido desrespeitosas, tanto com o Congresso quando com a Polícia Federal, o senador Humberto Costa (PT-PE) – que é titular da CPMI e relator do processo contra o senador Demóstenes Torres (ex-DEM–GO) no Conselho de Ética – defendeu a proposta do relator.
“Essa é uma CPMI em que ninguém vai blindar ninguém. Os fatos falam mais alto desde sempre e, se o procurador tiver que vir aqui, ele virá”, declarou. “Aqui nem é CPI da imprensa nem do procurador geral. É a CPI da organização supostamente criminosa comandada pelo senhor Carlos Cachoeira”, argumentou.
Humberto pediu paciência a seus companheiros de investigação. “Vamos aguardar a resposta ao requerimento de informações. E se ela não vier ou não for convincente, então há condições de trazer quem quer que seja a essa comissão, inclusive o procurador e a subprocuradora”, concluiu.
Gurgel atacou a CPMI quando atribuiu às pessoas que temem o julgamento do processo do mensalão no Supremo Tribunal Federal às críticas que vem sofrendo por supostamente ter demorado em acionar o STF para investigar o empresário Carlinhos Cachoeira e suas relações com políticos. Sua esposa, a subprocuradora Cláudia foi responsabilizada por delegados da Polícia Federal pelo engavetamento dos indícios de irregularidade nos negócios de Cachoeira – acusado de liderar uma quadrilha que explorava o jogo ilegal e fazia negócios ilícitos com agentes públicos e privados. Ambos negaram e transferiram para a PF a responsabilidade pela paralisação dos trabalhos.
A CPMI também decidiu reconvocar o bicheiro para depor na próxima semana. Para evitar uma nova decisão que evite o seu comparecimento baseada na alegação da defesa de que não teve acesso a todos os dados do inquérito, o presidente da CPMI, senador Vital do Rêgo (PDT-PB), decidiu franquear aos advogados do acusado o acesso à sala – cofre onde estão armazenados os dados das operações Vegas e Monte Carlo.
Giselle Chassot
Fotos: Agência Senado
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