Pinheiro quer regras estáveis para os fundos constitucionais

Relator da “MP da Seca”, Pinheiro vai incluir no texto mudanças nas regras para preservar os produtores da insegurança jurídica.

Pinheiro quer regras estáveis para os fundos constitucionais

O líder do PT e do Bloco de Apoio ao Governo, senador Walter Pinheiro (PT-BA), irá propor mudanças nas regras dos Fundos Constitucionais das regiões Norte (FNO), Nordeste (FNE) e do Centro-Oeste (FCO) por meio da Medida Provisória (MP nº 565/2012) que estabelece linhas de crédito especiais aos produtores rurais das regiões afetadas pelas secas e por enchentes, da qual é relator. “A situação é insustentável e preocupante”, disse Pinheiro na manhã desta quinta-feira (17/05), durante audiência pública na Comissão de Agricultura e Reforma Agrária (CRA) para discutir e analisar a renegociação das dívidas dos agricultores rurais afetados pelas secas e enchentes.

Assim que terminou a audiência pública, que teve a presença do secretário-adjunto de Política Econômica do Ministério da Fazenda, João Pinto Roberto Júnior e o diretor do Departamento de Financiamento e Produção do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), João Luiz Guadagnin, Pinheiro se deslocou para o Ministério da Fazenda para ajustar uma solução com o ministro Guido Mantega.

A MP 565 estabelece linhas de crédito especiais e prevê um auxílio de R$ 400,00 por família que poderá ser transferido a critério do Comitê Gestor Interministerial em uma ou mais parcelas, nunca inferiores a R$ 80,00.

pinheiro_cra_1705Pinheiro entende que é necessário, também, estabelecer regras estáveis que norteiam os fundos constitucionais, para não submeter os produtores que usam esses recursos à insegurança jurídica, por causa dos efeitos climáticos. Muitos agricultores, segundo o líder, estão preocupados por não conseguirem honrar os empréstimos tomados na época do plantio. No interior da Bahia, por exemplo, a seca comprometeu praticamente toda a colheita da safra de milho, principal fonte de energia na alimentação local e na criação.

“O comprometimento não foi apenas financeiro, os preços da saca do milho subiram muito por causa da quebra da safra. O preço da saca de 60 quilos já beira os R$ 50 reais”, reconheceu o secretário-adjunto da Secretaria de Política Econômica do Ministério da Fazenda, João Pinto Rabelo Júnior. Para contornar a alta dos preços não apenas no interior da Bahia, mas em outros estados afetados, ele disse ao site da Liderança do PT no Senado que o governo, por intermédio da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), irá fazer um leilão para os pequenos produtores de até 200 mil sacas ao valor de R$ 18,10, como forma de equilibrar os preços da saca de milho.

Inicialmente, o governo iria colocar à disposição 1,8 milhão de toneladas, mas aumentou para 3 milhões de toneladas, como forma de derrubar os preços abusivos que estão sendo praticados. Para transportar o produto das regiões que têm estoque, o governo irá subvencionar o frete do deslocamento. Ganhará quem solicitar o menor valor de subvenção.

Ainda nesta quinta-feira, às 14 horas, Pinheiro deverá trazer novidades na reunião da comissão mista de admissibilidade e avaliação da MP 565. Já foram apresentadas 24 emendas à MP. Duas delas foram apresentadas pelo senador Delcídio do Amaral (PT-MS), para suprimir a cobrança das análises dos projetos de financiamento pelos bancos administradores e agentes dos fundos constitucionais.

Ações
O diretor do Ministério do Desenvolvimento Agrário, João Luiz Guadagnin afirmou que entre as ações emergenciais, os agricultores familiares podem acionar o programa garantia-safra, que conta com recursos federais, dos estados e dos municípios. Outra linha instituída pela presidenta Dilma Rousseff é uma bolsa para atender os agricultores que não estão aptos ao garantia-safra. “Todos os agricultores familiares que estão com declaração de aptidão ao Pronaf e também ao CadÚnico, do Ministério de Desenvolvimento Social e Combate à Fome, receberão R$ 400,00 em cinco parcelas”, afirmou, “para que possam adquirir os alimentos que não colheram, já que a produção em grande parte se destina à subsistência”.

Marcello Antunes 

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