O Partido dos Trabalhadores, o PSol e a Rede Sustentabilidade entraram com representação contra o senador Flávio Bolsonaro (sem partido) junto ao Conselho de Ética do Senado Federal por ligação com milicianos e envolvimento no esquema de “rachadinhas” com dinheiro público na Alerj.
“São inúmeras as comprovações que denotam as íntimas relações do parlamentar com figuras centrais na milícia carioca, como é o caso da relação não escondida com o Capitão Nóbrega, recentemente morto no sertão da Bahia, na cidade de Esplanada (BA)”, diz o texto da representação.
A defesa da milícia é prática costumeira na família Bolsonaro, tanto no passado, quanto a partir da eleição do presidente Jair Bolsonaro, em 2018. Em 2005, Flávio Bolsonaro condecorou Adriano Nóbrega e manteve a mãe e a ex-esposa do miliciano como funcionárias em seu gabinete de deputado estadual, no Rio de Janeiro, até as eleições passadas.
A partir de 2019, utilizando do poder de Estado, o presidente Bolsonaro promoveu mudanças no COAF, na Polícia Federal e no Ministério Público para proteger o filho. No final de semana, também assumiu para si a responsabilidade pela condecoração do miliciano. As iniciativas sugerem a tentativa de “legalizar” as milícias e suas práticas de extermínio.
“Achamos que o Senado precisa investigar a utilização do seu cargo e das relações de poder que tem com a família para suplantar as demais investigações”, disse Gleisi.
“O que estamos vendo com o caso da morte do Adriano é muito assustador do ponto de vista de quem faz política”, destacou a presidenta do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PT-PR). “Estamos falando de um senador que é filho do Presidente da República, irmão de um deputado federal, ou seja, uma família muito empoderada no sentido institucional e político no País”, lembrou a presidenta do PT.
Antecedido por Fernanda Melchiona (PSol-RS), o presidente do PSol, Juliano Medeiros, afirmou que o “Senado Federal, as instituições estão sendo desafiadas a enfrentar um ambiente que não pode progredir no Brasil”. De acordo com Medeiros, os fatos mais recentes permitem concluir que “a prática delituosa prosseguiu no exercício do mandato (do senador Flávio Bolsonaro”.
Além dos fatos apresentados, o representante da Rede, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) agregou a informação sobre a exposição nas redes de um suposto cadáver do miliciano Adriano Nóbrega. Para o senador, “isso não é compatível com o decoro, com os requisitos para o exercício do mandato”.
Ao final, o presidente da Comissão de Ética do Senado Federal, senador Jaime Campos (DEM-MT), depois de assinar o recebimento de peça, ressaltou que o Brasil passa por um “momento diferenciado”, com situações com as quais não concorda. Ao encerrar, Campos destacou que a representação será analisada de forma transparente e republicana, respeitando todos os ritos do processo.
LEIA A ÍNTEGRA DA REPRESENTAÇÃO