Colaboração com EUA

Lava Jato operou fora da lei e contra os interesses nacionais

"Eu não gosto da ideia do Executivo olhando nossos pedidos e sabendo o que há", afirmou Deltan Dallagnol sobre a colaboração com autoridades norte-americanas

Dallagnol Intercept colaboração com EUA

Lava Jato operou fora da lei e contra os interesses nacionais

Imagem: PT no Senado

“Os americanos não querem que divulguemos as coisas”, confidenciou o procurador Deltan Dallagnol a um assessor de imprensa, comentando negociação da operação Lava Jato com autoridades dos Estados Unidos. A operação secreta envolvia, entre outros assuntos, a multa bilionária a ser paga pela Petrobras ao Departamento de Justiça dos EUA (DOJ), por violação da lei FCPA – a lei anticorrupção norte-americana. A denúncia é o tema central de matéria publicada nesta quinta-feira, 12, pelos sites The Intercept e Pública.

A reportagem, que retoma a série de denúncias sobre os “métodos heterodoxos” da operação Lava Jato, destaca que Dallagnol escondeu das autoridades brasileiras a presença de integrantes do Departamento de Justiça dos EUA no Brasil para “reuniões de cooperação”. De acordo com a reportagem, “pelo menos 17 deles passaram quatro dias no Brasil, em 2015, para realizar reuniões na sede da Lava Jato em Curitiba”. “Eu não gosto da ideia do Executivo olhando nossos pedidos e sabendo o que há”, afirmou o coordenador da força-tarefa da operação, em postagem do grupo de procuradores.

Nas reuniões, entre os “tratados de cooperação” estava a colaboração de delatores brasileiros, situação que veio à tona por meio de denúncia do advogado de defesa do ex-presidente Lula. Segundo a reportagem, dias depois da partida dos estadunidenses de Curitiba, o procurador Orlando Martello rascunhou um e-mail em que incentivava os norte-americanos a conduzir as entrevistas com os delatores diretamente nos EUA. Apesar de “desvalorizar” os serviços da operação Lava Jato, a delação direta dos acusados facilitou o trabalho das autoridades norte-americanas, o que resultou em multa de US$ 853 milhões nos Estados Unidos.

“A multa imposta nos EUA a partir do trabalho brasileiro é injusta”, escreveu Dallagnol deixando claro que, para ele, toda a acusação do DOJ se baseava apenas na investigação brasileira. Diante do questionamento de um dos procuradores do DOJ, em outubro de 2017, se deveriam desistir do caso criminal, por conta de pedido do Brasil para poupar a Petrobras, o descontentamento não prosperou. O acordo final garantiu o envio ao Brasil de 80% do valor da multa total – US$ 682.560, ou R$ 2,5 bilhões, depositados em uma conta na CEF, suspenso pelo ministro do STF, Alexandre Moraes, menos de duas semanas depois.

A colaboração internacional só tem previsão legal se ocorrer a partir da autorização do Ministério da Justiça e, diferente disso, incorre em crime contra o País. Ações bilionárias contra a Petrobras foram abertas nos EUA, usando informações enviados pelo juiz Sergio Moro, também denunciaram diversos articulistas na época. Segundo matéria do jornal Folha de S. Paulo, o advogado de defesa de Lula, Cristiano Zanin, denunciou a colaboração na ONU. A operação Lava Jato resultou na destruição da indústria de infra-estrutura nacional queda do PIB e desemprego de milhares de trabalhadores.

LEIA MATÉRIA DOS SITES INTERCEPT/PÚBLICA NA ÍNTEGRA

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