Fabrício Queiroz, ex-assessor do senador Flávio Bolsonaro, foi preso nesta manhã (18) no interior de São Paulo. Queiroz é policial militar aposentado e é acusado de movimentar R$ 1,2 milhão em sua conta, em um esquema de desvio de verba pública e corrupção – conhecido como rachadinha – no período que trabalhava no gabinete de Flávio Bolsonaro, então deputado estadual no Rio de Janeiro.
Em suas redes sociais, o líder do PT no Senado, Rogério Carvalho (SE), comentou a prisão do assessor da família Bolsonaro: “Finalmente Queiroz foi preso. Quase dois anos depois de ter início a investigação da rachadinha. Numa casa em Atibaia de um advogado de Flávio Bolsonaro. Bolsonaro vai se queixar também de perseguição neste caso? Tem muitas perguntas que o Queiroz precisa responder ao Brasil. “Está chegando a hora de tudo estar no lugar!”
Durante muito tempo o Brasil se perguntava “Cadê Queiroz?”, e não por coincidência, ele foi encontrado em um imóvel de Frederick Wasseff, advogado da família Bolsonaro, no interior de São Paulo. Queiroz foi levado para uma unidade da Polícia Civil na capital paulista, passou por exame de corpo de delito e foi transferido para o Rio de Janeiro. “A pergunta “onde está o Queiroz?” foi finalmente respondida. Alguma surpresa?”, questiona o senador Paulo Rocha (PT-PA).
Também o senador Humberto Costa (PT-PE) comentou em suas redes sobre a prisão do assessor da família Bolsonaro, com expectativas do que pode ser revelado por Queiroz: “Bolsonaro não parou para falar com seus apoiadores como costuma fazer todos os dias. Fica muito evidente que Bolsonaro sentiu a pancada da prisão do seu amigo Queiroz”. E acrescenta: “Caso Queiroz fale tudo que sabe, tudo que já fez, não fica ninguém de pé com sobrenome Bolsonaro”.
Advogado de Flávio é mais que um advogado
Frederick Wasseff trabalha oficialmente como advogado da família Bolsonaro, mas aparentemente é mais que isso. Visto frequentemente em Brasília, Wasseff tem trânsito livre no Palácio do Planalto. Esteve, ontem, na cerimônia de posse do novo ministro das comunicações. É considerado pessoa de confiança da família de Bolsonaro.
Fabrício Queiroz estava escondido há pelo menos um ano na casa de Wasseff, no interior de São Paulo, segundo o caseiro que cuidava do imóvel. Mas em entrevista à jornalista Andrea Sadi, da GloboNews, em setembro de 2019, Wasseff afirmou não saber onde Queiroz estava: “eu não sei; eu não sou o advogado dele”.
Em abril deste ano, em compromisso fora da agenda oficial, Wasseff foi recebido em pleno domingo por Bolsonaro no Palácio da Alvorada. Perguntado o motivo da visita, ele disse que, além de advogado do filho do presidente, também defende o próprio presidente em casos que envolvem o Judiciário. Apesar de alegar “coincidência”, sua reunião com Bolsonaro aconteceu no momento da troca de comando da Polícia Federal do Rio de Janeiro.
Frederick Wasseff esteve no Palácio do Planalto ou no Palácio da Alvorada por 8 vezes nos últimos seis meses, sendo que em 7 destes encontros se reuniu a sós com o presidente Bolsonaro.
Operação Anjo
A operação da Polícia Federal que prendeu Fabrício Queiroz foi batizada de “Anjo”, apelido do advogado Wasseff. Além da prisão, a Operação Anjo incluiu ação de busca e apreensão em uma casa em Bento Ribeiro, bairro da Zona Norte do Rio de Janeiro. A casa está com a placa de “Vende-se” e nela morava Alessandra Marins, ex-funcionária da Alerj e atual funcionária do gabinete de Flávio Bolsonaro. Alessandra se mudou há um mês.
Também nesta manhã, a Justiça do Rio de Janeiro autorizou a prisão da mulher de Queiroz, Márcia Oliveira de Aguiar. Os dois faziam parte da assessoria parlamentar de Flávio Bolsonaro quando ele era deputado estadual pelo PSL. Márcia já é considerada foragida.