“Estou com vontade de encher a tua boca na porrada, tá?”. Essa foi a resposta que o presidente Jair Bolsonaro deu a uma jornalista, ao ser questionado sobre os depósitos feitos por Fabrício Queiroz na conta da primeira-dama Michelle Bolsonaro. O fato, ocorrido neste domingo (23) em frente à Catedral Metropolitana de Brasília, revelam o desespero do presidente em relação às investigações que envolvem ele próprio, os filhos e a esposa.
Indignado com a postura de Bolsonaro, o líder do PT no Senado, Rogério Carvalho (SE), voltou a cobrar a abertura do pedido de impeachment – hoje, já existem 50 pedidos protocolados na Câmara dos Deputados aguardando análise na mesa de Rodrigo Maia. “Fora Bolsonaro! É inadmissível esse comportamento, especialmente de um presidente. Bolsonaro não consegue explicar as suspeitas de corrupção que recaem sobre toda sua família e parte para a agressão”, afirmou.
O senador Humberto Costa (PT-PE) lamentou o episódio “absurdo” e avaliou que o presidente perdeu uma boa oportunidade de explicar para o Brasil o esquema da família. “Até hoje, ele não deu qualquer explicação sobre o assunto. Por quê? Cadê a resposta, falastrão?”, escreveu no Twitter.
Cheques para Michelle
A quebra do sigilo bancário de Fabrício Queiroz mostrou um total de R$ 72 mil repassados, em cheques, a Michelle Bolsonaro entre 2011 e 2016. As informações foram reveladas pela revista “Crusóe”, no início do mês. Além disso, o jornal “Folha de S. Paulo” informou que Márcia Aguiar, mulher de Queiroz, repassou R$ 17 mil para Michelle em 2011.
Em 2018, quando foi revelado um repasse inicial de R$ 24 mil de Queiroz para Michelle, Bolsonaro havia alegado que o ex-assessor havia feito depósitos para pagar uma dívida de R$ 40 mil, valor inferior ao total repassado. Diante das novas revelações, a violência contra uma jornalista foi a única “explicação” que o presidente ofereceu ao Brasil.