O senador Humberto Costa (PT-PE) ingressou no Supremo Tribunal Federal (STF) com uma notícia-crime para que a ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, Damares Alves, seja processada por crime de responsabilidade pela Procuradoria-Geral da República (PGR). Para o ex-ministro da Saúde, Damares agiu de forma criminosa quando usou do cargo para ameaçar e constranger representantes de conselho tutelar e a família de uma criança de 10 anos que engravidou em decorrência de estupro, e recorreu ao procedimento de aborto legal.
Segundo matéria do jornal Folha de São Paulo, a ministra interveio para tentar impedir que a menina – violentada por um tio desde os 6 anos de idade, na cidade de São Mateus, no Espírito Santo – fosse submetida ao procedimento, previsto na legislação penal brasileira. Representantes do Ministério e aliados políticos chegaram a oferecer, até mesmo, benfeitorias ao conselho tutelar para que o caso não seguisse adiante. Vencidos, divulgaram os dados da menina e o local onde seria feita a intervenção, que acabaram indo para as redes sociais por ação da militante bolsonarista Sara Winter.
A menina foi submetida ao procedimento no Centro Integrado de Saúde Amaury de Medeiros, no Recife, e, enquanto estava internada, a frente da unidade de saúde acabou virando palco de embate entre os que defendiam o direito legal da menina e radicais políticos que chegaram a chamar a criança de criminosa. Para Humberto, Damares cometeu crime ao usar a estrutura do Estado para expor a criança a risco e a um drama maior do que ela já vivia.
“A ministra Damares agiu de forma criminosa, inclusive com viagem de agentes públicos, para constranger uma criança vítima de violência cruel e tentar impedir um procedimento legal. Ela expôs a menina publicamente quando estimulou a divulgação dos seus dados”, enfatizou o senador.
Para o senador, isso, de pronto, já é um ato passível de punição, tanto mais quando praticado pela ministra da Mulher e dos Direitos Humanos, que deveria ter assegurado a proteção de um menina barbaramente violentada, em vez de expô-la a um drama maior do que o que já vivia.