Há poucos dias, vivemos uma nova experiência, que foi a não realização do carnaval, festa tão característica da Bahia e do Brasil. E, assim como aconteceu com o São João, as festas de fim de ano e tantos outros encontros dos quais estamos privados há quase um ano, vimos pelas redes sociais o saudosismo de quem gosta da folia. E, também, a oportunidade de amenizar o vazio com lives de tantos artistas.
A cultura, um dos primeiros setores a parar na pandemia, se reinventou e tem sido um importante alento. Quando imaginaríamos um verão sem Lavagem do Bonfim, Festa de Iemanjá, largos e ruas lotados de baianos e turistas? Que bom que temos a arte para tornar essa travessia mais leve e renovar a esperança de dias melhores. Tenho orgulho de ter sido o relator da Lei Aldir Blanc, que financia uma série de iniciativas culturais, contribuindo com os trabalhadores do setor e a sociedade.
É natural que haja um esgotamento por conta de tantas privações. Somos a terra da alegria, da diversidade, das belezas naturais e do contato humano. Porém, estamos diante de uma situação grave, com um novo pico de contaminações e mortes. O sistema de saúde – público e privado – está prestes a entrar em colapso. Muitos casos seriam evitados se não fossem as festas e aglomerações que têm ocorrido desde o fim do ano. Ninguém está satisfeito com as restrições, incluindo as pessoas desempregadas, estudantes sem aulas, empresários com dificuldades, famílias afastadas. Não podemos, entretanto, abandonar os cuidados, sob o risco de vermos o quadro piorar e perdermos mais vidas para o vírus.
As vacinas, cujo início das aplicações renovou as esperanças, ainda são limitadas. Tenho atuado no Senado para que sejamos capazes de superar a letargia e a burocracia impostas pelos negacionistas que governam o Brasil e tenhamos, logo, mais vacinas e a retomada do auxílio emergencial, fundamental para a sobrevivência de milhões de famílias. Apoiamos as ações responsáveis do governador Rui Costa, que têm como prioridade preservar vidas e proteger os baianos. O Governo da Bahia pediu ao STF permissão para compra de mais doses, especialmente da Sputnik V, cujo acordo entre o estado e a Rússia foi firmado no ano passado. É um contraste com atuação do presidente, que despreza vidas humanas, dificulta vacinas e prioriza o acesso a armas.
Enquanto não tivermos pelo menos 70% da população vacinada, como recomenda a ciência, precisamos continuar com o uso de máscaras e o distanciamento social. Com fé, muito trabalho e seguindo a ciência, logo celebraremos a possibilidade de estarmos juntos novamente, fazendo o que mais gostamos. Para isso, precisamos, agora, de mais cuidados e mais vacinas.
Artigo originalmente publicado no jornal A Tarde