Uma enxurrada de notícias tristes vem invadindo o Nordeste brasileiro. Milhares de pessoas que vivem no semiárido hoje enfrentam problemas que vão desde a perda de toda a produção agropecuária até a dificuldade de encontrar água para consumo próprio das famílias. Cerca de 1.500 municípios nordestinos estão sofrendo com a pior seca dos últimos 30 anos. Destes, 525 municípios já decretaram estado de emergência.
Neste cenário desolador, aqueles que vivem da agricultura familiar são as maiores vítimas porque têm pouca estrutura, menos recursos e quase nenhuma fonte de água disponível. Em Pernambuco, a falta de chuva provocou a perda de 370 mil toneladas de grãos. E a questão é ainda mais preocupante porque o período de estiagem deve ir até outubro.
A seca no interior nordestino surge exatamente num momento em que a Região – e
Este novo momento exige uma nova forma de olhar um velho problema. Vários projetos estruturadores estão
Temos que incluir a sociedade nesse debate, incorporar novas ideias e acelerar as ações. Pensar em medidas urgentes, como o gerenciamento eficiente desses mananciais para evitar perdas maiores e garantir o atendimento prioritário aos sistemas de abastecimento de água dos distritos e sedes municipais.
O governo do estado e o governo federal vêm buscando formas de amenizar o problema. Uma das boas medidas anunciadas disponibilizará R$ 200 milhões para a criação do programa Bolsa Estiagem, que será destinada a agricultores que sofrem com os problemas e não terem garantia financeira. Outra boa notícia é de que o Banco do Nordeste vai ajudar na liberação de crédito extra para os agricultores.
O período de estiagem será prolongado e a paisagem seca não é estranha aos nordestinos, mas a forma de tratar a questão tem que ser diferente. Porque o Nordeste já não é mais o mesmo e tem tudo para crescer ainda mais.
* O artigo acima foi originalmente publicado na edição do dia 15/5/12 do jornal Diario de Pernambuco. Humberto Sérgio Costa Lima, 54 anos, é médico, professor universitário e jornalista. Foi ministro da Saúde entre 2003 e 2005 e, em 2010, se elegeu o primeiro senador do PT de Pernambuco.