Conflito de interesses

Após lucros com dólar alto, Guedes e Campos serão ouvidos no Senado

Por iniciativa do senador Jean Paul Prates (PT-RN), entre outros, foi aprovado na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) convite para que o ministro da Economia e presidente do Banco Central esclareçam denúncias de que guardam milhões de dólares em paraísos fiscais
Após lucros com dólar alto, Guedes e Campos serão ouvidos no Senado

Foto: Agência Senado

A Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) aprovou nesta terça-feira (5) dois requerimentos de convite ao ministro da Economia, Paulo Guedes, e ao presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. Eles devem explicar por que mantém recursos em contas offshore no exterior, de acordo com documentos revelados pelo projeto Pandora Papers, do Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos.

Os requerimentos dos senadores Jean Paul Prates (PT-RN) e Alessandro Vieira (Cidadania-SE) foram originalmente apresentados como convocação apenas para Paulo Guedes. Durante a reunião da CAE, os parlamentares concordaram convertê-los em convite, estendido também a Roberto Campos Neto. O ministro da Economia e o presidente do Banco Central sugeriram a data de 19 de outubro para a audiência pública.

De acordo com os documentos da Pandora Papers, Paulo Guedes abriu a offshore Dreadnoughts International nas Ilhas Virgens Britânicas em setembro de 2014. Nos meses seguintes, aportou US$ 9,54 milhões — o equivalente a mais de R$ 50 milhões na cotação atual.

— Imagine o brasileiro acordar com a manchete de que o presidente da Petrobras é dono de posto de gasolina. É mais ou menos isso: a política econômica deste governo fez com o que o patrimônio no exterior do ministro da economia mais do que dobrasse. Talvez você não tenha aí uma ilegalidade. Talvez. Mas seguramente temos um conflito de interesse e é importante que isso seja expresso — disse Alessandro Vieira.

O senador Eduardo Braga (MDB-AM) disse que não é possível fazer pré-julgamentos. Mas, para o parlamentar, Paulo Guedes e Roberto Campos Neto devem explicações.

— Se um político aparece com uma conta offshore, todos estarão apontando o dedo e muito provavelmente estarão entrando no Conselho de Ética contra ele. Agora, quando as autoridades monetárias aparecem com contas em offshore, é mais do que necessário de que haja todos os esclarecimentos. Não é pouca coisa: é o ministro da economia e o presidente do Banco Central — destacou Braga.

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