Bolsonaro adora responsabilizar os outros por seus malfeitos. É o que faz ao dizer que a culpa pelo aumento dos preços dos combustíveis e do gás de cozinha é do ICMS cobrado pelos estados, mesmo com mais um aumento anunciado pela Petrobras na segunda-feira (25). Mas os números estão sempre aí para desmascará-lo.
Levantamento do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese/subseção FUP), com base em dados da Petrobras e da Agência Nacional de Petróleo, Biocombustíveis e Gás Natural (ANP), mostra que, depois do golpe de 2016, o preço do botijão do gás subiu quase 47% acima da inflação. Há cinco anos, aponta o estudo, o valor médio do gás de cozinha no Brasil girava em torno de R$ 56. Esse valor, quando corrigido pela inflação, representa R$ 69,21. Como hoje o preço médio do botijão está em R$ 101,96, o aumento real (acima da inflação) foi de 46,9%.
A culpa dessa elevação absurda é claramente da gestão de preços adotada pela Petrobras a partir de outubro de 2016, por ordem de Michel Temer, e mantida por Bolsonaro e seu ministro da Economia, Paulo Guedes. A chamada política de preço de paridade de importação (PPI) faz com que o valor do gás (e da gasolina e do diesel) seja alterado de acordo com o preço internacional, estabelecido em dólar. Algo que não faz sentido para o Brasil, um país que produz todo o combustível de que precisa.
Com o PT, o preço não subia acima da inflação
Tanto não faz sentido que, antes, quando o Partido dos Trabalhadores governava, não era assim que as coisas funcionavam. Nos cinco anos anteriores ao golpe de 2016, quando a presidenta era Dilma Rousseff, o valor real do gás praticamente não mudou, sendo corrigida apenas a inflação.
É o que mostra outro levantamento, feito pelo Observatório Social da Petrobras. Essa análise chega a números muito próximos aos calculados pelo Dieese. Segundo ela, em outubro de 2016, o botijão custava R$ 55,34, ou R$ 68,93 quando corrigido pela inflação. De acordo com o Observatório, o preço médio do botijão hoje no país está em R$ 100,44, o que representa uma aumento acima da inflação de 45,7%.
E o que aconteceu nos cinco anos anteriores, entre outubro de 2011 e outubro de 2016? O valor do botijão passou de R$ 38,89 para R$ 55,34. Mas, em valores corrigidos pela inflação (variação real), o preço foi de R$ 69,01 para R$ 68,93. É uma queda de 0,11%.
Lula denuncia absurdo
Entre 2011 e 2016, também havia ICMS cobrado pelos estados. O que não havia era a PPI na Petrobras, que só começou após o golpe de 2016, que sempre teve como objetivo favorecer as empresas estrangeiras ou os acionistas que compraram ações da Petrobras. É como disse Lula, no começo do mês, em entrevista coletiva em Brasília: “Não vejo sentido você querer agradar um acionista minoritário americano e não querer agradar o consumidor majoritário brasileiro (veja vídeo abaixo).